O governo está preparando um conjunto de alterações no Atestmed, sistema que facilita a solicitação do benefício por incapacidade temporária, também conhecido como auxílio-doença, através do site ou aplicativo Meu INSS. As mudanças, que visam combater fraudes e melhorar o controle sobre os gastos públicos, buscam tornar o processo mais rigoroso sem comprometer o acesso ao benefício pelos trabalhadores que realmente precisam. Neste artigo, vamos explorar o que está sendo discutido, os impactos esperados e como isso pode afetar os segurados.
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Como funciona o Atestmed e para que ele serve?
O Atestmed foi criado para permitir que trabalhadores enviem atestados médicos ao INSS de forma digital, eliminando a necessidade de uma perícia médica presencial em alguns casos. Esse sistema, acessível via Meu INSS, permite que os segurados encaminhem documentos médicos diretamente pelo site ou aplicativo, o que simplifica o processo de análise e acelera a concessão do auxílio. Para muitos, especialmente aqueles que vivem em áreas remotas ou têm dificuldades de locomoção, o Atestmed trouxe uma solução conveniente e acessível.
O que o governo pretende mudar no Atestmed?
Com o aumento das suspeitas de fraudes e o crescimento dos gastos com o auxílio-doença, o governo planeja uma série de modificações no Atestmed. Entre as principais propostas, estão a redução do prazo máximo de afastamento concedido por meio da plataforma e a introdução de critérios mais rigorosos para a concessão de benefícios que ultrapassam determinados limites.
Redução do prazo máximo de afastamento
Atualmente, os segurados podem receber o benefício de incapacidade temporária pelo Atestmed por até 180 dias. No entanto, o governo propôs uma redução desse prazo para 90 dias, com o objetivo de evitar afastamentos longos sem uma avaliação presencial mais criteriosa. A expectativa é que a mudança traga mais controle e transparência ao processo, permitindo uma análise mais detalhada dos casos que requerem maior tempo de recuperação.
Perícia presencial para afastamentos fora do padrão
Outra mudança importante em discussão é a necessidade de perícia médica presencial para casos em que o afastamento solicitado pelo trabalhador seja maior do que o considerado adequado para a recuperação de sua condição. Por exemplo, se o tempo médio de recuperação para uma doença específica é de 45 dias, mas o atestado médico recomenda 90 dias, o sistema enviará automaticamente o segurado para uma avaliação presencial. Dessa forma, o governo pretende evitar que o benefício seja concedido por períodos excessivamente longos sem uma revisão adequada.
Impactos das mudanças para os segurados INSS
Embora as alterações no Atestmed visem aprimorar o controle sobre o sistema, elas podem impactar diretamente trabalhadores que utilizam o benefício por incapacidade temporária. De acordo com informações preliminares, o tempo médio de afastamento atualmente concedido pelo Atestmed é de 70 dias, o que significa que a redução para 90 dias teria um impacto limitado para a maioria dos segurados. No entanto, algumas categorias podem enfrentar restrições mais severas.
Afastamentos reduzidos para categorias específicas
Entre os grupos mais afetados pelas mudanças, estão os trabalhadores desempregados, que estão no período de carência de um ano para solicitar o auxílio-doença, além de autônomos, trabalhadores rurais e contribuintes individuais. Para esses perfis, os prazos de afastamento concedidos podem ser ainda mais curtos, variando entre 30 a 60 dias, conforme as novas diretrizes que o governo pretende implementar.
Fim da prorrogação automática do benefício
Outra alteração importante nas propostas é a eliminação da renovação automática do auxílio-doença. Hoje, ao término do prazo de afastamento concedido, o trabalhador pode simplesmente apresentar um novo atestado médico para prorrogar o benefício, sem passar por uma nova avaliação presencial. Com as novas regras, esse processo será alterado, e o segurado que precisar de mais tempo de afastamento será encaminhado para uma nova perícia médica. Isso significa que haverá um controle mais rigoroso sobre a concessão de novos períodos de afastamento.
Dados sobre o uso do Atestmed
Estudos realizados pelo governo apontam que o Atestmed tem sido amplamente utilizado por trabalhadores de diversas categorias, com destaque para os desempregados e autônomos. Segundo os levantamentos:
- 25% dos trabalhadores empregados fazem uso recorrente do sistema;
- 45% dos desempregados utilizam o Atestmed com frequência;
- 20% dos autônomos também fazem múltiplas solicitações.
Esses dados reforçam a necessidade de maior controle sobre o uso do Atestmed, especialmente entre os grupos com maior índice de recorrência. O governo acredita que as mudanças propostas ajudarão a garantir que o sistema seja utilizado de forma justa e sem excessos.
Desafios e críticas às mudanças
Apesar das intenções do governo de melhorar o controle e evitar fraudes, as propostas de mudança no Atestmed têm gerado preocupações entre especialistas e representantes dos trabalhadores. Uma das críticas mais frequentes é que a redução dos prazos de afastamento pode prejudicar aqueles que realmente precisam de mais tempo para se recuperar de doenças ou lesões graves. Além disso, há receios de que o aumento da burocracia, com mais exigências de perícias presenciais, possa dificultar o acesso ao benefício, especialmente para trabalhadores que moram em áreas distantes ou têm dificuldades financeiras para comparecer às agências do INSS.
Quando as mudanças entrarão em vigor?
As mudanças no Atestmed estão em fase de discussão e devem ser anunciadas nos próximos 30 dias. No entanto, a implementação das novas regras será gradual, permitindo que os segurados e os profissionais do INSS se adaptem às novas exigências. O governo acredita que essas alterações vão garantir mais eficiência e transparência na concessão do auxílio-doença, além de reduzir os custos para os cofres públicos.
Considerações finais
As mudanças no Atestmed fazem parte de um esforço maior do governo para controlar os gastos públicos e garantir que o auxílio-doença seja concedido de forma justa e criteriosa. No entanto, é essencial que essas alterações sejam implementadas com cautela, para evitar que os trabalhadores que realmente precisam do benefício sejam prejudicados. O acompanhamento dessas mudanças será crucial para avaliar seu impacto a longo prazo sobre o sistema de seguridade social no Brasil.
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