O Pix surgiu como uma alternativa para transações financeiras, facilitando a vida de milhões de brasileiros, que usam o método tanto como pessoa física quanto como jurídica. Em contrapartida, essa praticidade também abriu espaço para ações criminosas, com um aumento expressivo de fraudes que têm preocupado especialistas e autoridades.
De acordo com o Banco Central, só em 2024, o número de fraudes envolvendo o sistema chegou a 4,7 milhões de casos. O prejuízo estimado ultrapassa os R$ 6,5 bilhões, e apenas uma pequena parcela desse valor foi recuperada. A seguir, entenda os principais tipos de golpes e como se proteger.

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O que está por trás do aumento das fraudes com Pix?
O crescimento das fraudes com Pix se deve a diversos fatores combinados. A popularização do sistema de pagamentos instantâneos no Brasil, a agilidade nas transferências e a falta de atenção dos usuários em ambientes digitais criaram o cenário ideal para a atuação de criminosos.
Além disso, o baixo índice de recuperação de valores movimentados pelos golpistas – apenas 7%, segundo o BC – evidencia a dificuldade em reverter os danos causados. Os criminosos usam estratégias sofisticadas e se aproveitam de falhas de segurança e do despreparo das vítimas para aplicar os golpes.
Tipos de golpes mais comuns envolvendo o Pix
Golpe do falso funcionário do banco
O criminoso se passa por atendente da instituição financeira e convence a vítima a fazer uma transferência para uma conta falsa. Muitas vezes, usam nomes, logotipos e até áudios clonados.
Golpe do QR Code fraudado
Muito usado em estabelecimentos e eventos, o QR Code pode ser substituído por outro criado por criminosos. A vítima acha que está pagando por um serviço, mas transfere para um terceiro.
Engenharia social
O criminoso induz a vítima a tomar decisões sob pressão, como transferir dinheiro rapidamente, alegando que ela está em perigo ou que sua conta será bloqueada.
Sequestro relâmpago com Pix
Uma modalidade perigosa que une violência física e coerção para que a vítima realize transferências enquanto está sob ameaça.
O papel do Banco Central e o Mecanismo Especial de Devolução (MED)
Em resposta ao aumento das fraudes, o Banco Central implementou o Mecanismo Especial de Devolução (MED) em 2021. Esse sistema permite que as instituições financeiras realizem o bloqueio de valores em contas suspeitas.
Contudo, a efetividade do MED ainda é limitada por alguns fatores:
- Rapidez dos criminosos: Golpistas costumam transferir ou sacar os valores imediatamente após o golpe.
- Contas laranja: São usadas para dificultar o rastreamento do dinheiro.
- Baixa adesão das vítimas: Muitos usuários não denunciam a fraude de forma imediata, o que prejudica a ação do banco.
Como o MED funciona na prática
- A vítima aciona seu banco relatando a fraude.
- O banco analisa e, se for o caso, aciona o MED para bloquear os recursos na conta suspeita.
- Caso o dinheiro ainda esteja disponível, é feita a devolução à vítima.
- Se o valor não for encontrado, o caso pode ser encaminhado para a Polícia Federal e Ministério Público.
O que fazer em caso de golpe com Pix?
Se você caiu em um golpe envolvendo o Pix, é fundamental agir com rapidez. Veja o passo a passo recomendado pelas autoridades:
Passo 1: Bloqueie imediatamente sua conta
Entre em contato com seu banco ou acesse o aplicativo para congelar temporariamente as transações.
Passo 2: Registre um boletim de ocorrência
Dirija-se à delegacia mais próxima ou use plataformas digitais, como a Delegacia Virtual do seu estado.
Passo 3: Informe o CPF ou CNPJ do golpista
Envie os dados ao seu banco para que sejam monitorados e bloqueados se possível.
Passo 4: Solicite o uso do MED
Peça ao banco que tente recuperar os valores utilizando o mecanismo de devolução.
Passo 5: Acompanhe o caso
Monitore os desdobramentos e mantenha contato com o banco e as autoridades policiais.
Como se proteger de fraudes com Pix?
Dicas práticas para evitar golpes
Verifique o destinatário antes de transferir
Antes de confirmar uma transação, confira se o nome exibido corresponde ao da pessoa ou empresa real.
Evite usar redes públicas de Wi-Fi
Redes abertas podem ser monitoradas por criminosos para roubar dados.
Ative a verificação em duas etapas
Disponível em aplicativos bancários e plataformas de comunicação, essa medida adiciona uma camada de segurança.
Desconfie de pressa ou ameaças
Criminosos costumam usar frases como “é urgente”, “o banco vai bloquear” ou “você será preso” para manipular a vítima.
Tecnologias que podem ajudar
- Antivírus e firewall: Para proteção contra softwares maliciosos.
- Aplicativos de monitoramento: Como o Serasa Premium, que notifica tentativas de golpe ou vazamento de dados.
- Notificações em tempo real: Ative os alertas de transações no seu banco para agir rapidamente em caso de movimentações suspeitas.
Perfil das vítimas: quem está mais vulnerável?
Pesquisas recentes indicam que os idosos, os microempreendedores individuais e as pessoas com baixo nível de instrução digital são os mais afetados pelos golpes com Pix.
Essa vulnerabilidade se dá tanto pela confiança excessiva nos interlocutores quanto pela dificuldade em identificar tentativas de phishing, clonagem de identidade e mensagens falsas.
O que as instituições podem fazer?
- Promover educação financeira digital
- Reforçar campanhas informativas nos aplicativos
- Criar ferramentas de bloqueio preventivo
- Ampliar o suporte 24h para vítimas

O aumento expressivo das fraudes com Pix é um sinal de alerta para usuários, instituições financeiras e o poder público. Embora o sistema traga benefícios evidentes pela sua rapidez e acessibilidade, a fragilidade diante de criminosos exige ações concretas de prevenção e resposta rápida.
Cabe às instituições investir em tecnologia e educação, e aos usuários, redobrarem os cuidados ao fazer qualquer transação. Conhecer os tipos de golpe, denunciar imediatamente qualquer movimentação suspeita e fazer uso das ferramentas de proteção disponíveis são atitudes que podem fazer a diferença entre uma tentativa de fraude frustrada e um prejuízo financeiro irreparável.



