Com o início de agosto, o dólar norte-americano tem mostrado uma valorização significativa. Em apenas cinco dias, a moeda subiu 1,54%, atingindo seu nível mais alto desde 2021, e acumulando uma alta de 18,31% no ano. Esse movimento reflete uma série de pressões econômicas e geopolíticas que têm impactado os mercados financeiros globais.
O aumento recente do dólar tem sido impulsionado principalmente pelo receio de uma possível recessão econômica nos Estados Unidos. A incerteza quanto à saúde da economia americana tem levado os investidores a reavaliar suas apostas.
Como resultado, muitos têm deslocado seu capital de ações e investimentos diretos para ativos mais seguros, como os títulos de dívida dos EUA, conhecidos como Treasuries. Esse fluxo de dinheiro não só reforça o dólar, como também afeta as bolsas em outros países, exacerbando a alta da moeda americana.
Fatores que impulsionam a valorização do dólar
Na segunda-feira (5), o dólar fechou em alta de 0,56%, cotado a R$ 5,7412, marcando o maior patamar em dois anos e meio. Diversos fatores contribuem para essa valorização acentuada da moeda norte-americana.
Primeiro, a preocupação com uma recessão iminente nos Estados Unidos tem gerado volatilidade nos mercados. Dados recentes mostram que o setor de trabalho dos EUA está desacelerando, com a criação de 114 mil vagas fora do setor agrícola em julho, abaixo das expectativas do mercado. A taxa de desemprego subiu para 4,3%, e os pedidos de auxílio-desemprego também aumentaram, sugerindo um enfraquecimento da economia.
Além disso, o cenário geopolítico global tem influenciado a valorização do dólar. A escalada das tensões no Oriente Médio, incluindo a morte de um líder do Hamas e as ameaças de retaliação por parte do Irã, têm contribuído para a instabilidade. A queda nos preços das commodities também pressiona o real, já que o Brasil recebe menos dólares pelas suas exportações.
Outro fator relevante é a valorização do iene, que tem subido em resposta ao aumento das taxas de juros no Japão, impactando negativamente o real e outras moedas emergentes.
Perspectivas para o futuro
Especialistas destacam que, apesar da reação exagerada dos mercados às recentes notícias econômicas, ainda há a possibilidade de o dólar alcançar a marca de R$ 6 se o cenário local e internacional continuar a se deteriorar. A combinação de uma potencial recessão nos EUA, a queda nos preços das commodities e as preocupações com o quadro fiscal brasileiro podem levar a uma valorização adicional da moeda americana.
No Brasil, o governo continua enfrentando desafios fiscais, e as recentes propostas de tributação sobre multinacionais e cortes de gastos não têm sido suficientes para aliviar as preocupações do mercado. O superintendente de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, ressalta que a valorização do iene e a incerteza econômica global contribuem para a pressão sobre o real.
“Se o governo não demonstra que pode controlar as contas públicas, o Brasil pode continuar a enfrentar inflação e juros altos, criando um ciclo vicioso”, afirmou.
Imagem: Reprodução / BHAZ