O Brasil enfrenta um cenário de preços elevados que continua a pressionar o bolso dos consumidores. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março registrou uma inflação de 0,56%. Embora a conta de luz tenha dado um alívio, os aumentos de preços de alimentos, como ovos, café moído e tomate, seguiram pressionando o índice, sendo responsáveis por um quarto da inflação do mês.
Esses alimentos, que são essenciais na mesa dos brasileiros, tiveram aumentos expressivos: os ovos subiram 13,13%, o café moído 8,14% e o tomate atingiu impressionantes 22,55%. Essa combinação de altas reflete uma série de fatores internos e externos, como a alta nas exportações e variações climáticas, que impactam diretamente o mercado de alimentos.
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Ovo de galinha: exportações crescem e afetam os preços
O aumento no preço dos ovos foi, sem dúvida, um dos mais impactantes. Com um salto de 13,13% no mês, o ovo de galinha tem seu preço afetado, em grande parte, pelas exportações. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que as exportações de ovos cresceram 342,2% em março, se comparado ao mesmo mês de 2024. O volume embarcado atingiu 3.770 toneladas, um aumento expressivo em relação às 853 toneladas de março do ano passado.
O destino principal dessas exportações foi os Estados Unidos, que enfrentam um surto de gripe aviária, prejudicando a produção de ovos no país. A demanda externa, portanto, absorveu parte da produção nacional, contribuindo para a elevação dos preços internos.
No acumulado de 2025, as exportações de ovos já somam 8,6 mil toneladas, um crescimento de 97,2% em relação ao ano anterior. Esse fenômeno fez com que a oferta no mercado interno fosse reduzida, impactando diretamente os consumidores.
Tomate: as altas temperaturas aceleram a escassez
O aumento no preço do tomate foi outra surpresa para o consumidor brasileiro. Com uma alta de 22,55%, o tomate se tornou um dos itens mais caros da cesta básica no mês de março. O motivo? O calor intenso do verão antecipou a colheita do produto em algumas regiões produtoras, o que resultou em uma menor oferta. Com a falta de áreas de colheita, a pressão sobre os preços foi inevitável.
Fernando Gonçalves, gerente de pesquisa do IPCA no IBGE, explicou que o clima quente acelerou o processo de maturação dos tomates, o que levou à redução da quantidade disponível no mercado. Essa diminuição na oferta pressionou ainda mais os preços, fazendo com que o tomate se tornasse um dos itens mais caros do mês.
Café Moído: um reflexo da crise global
O café moído, um dos produtos mais consumidos pelos brasileiros, também não ficou imune às altas. Com um aumento de 8,14% em março, o preço do café já acumula uma alta de 77,78% nos últimos 12 meses. A causa desse aumento é atribuída, em grande parte, a fatores internacionais. A quebra de safra no Vietnã, um dos maiores produtores de café do mundo, e o impacto das condições climáticas adversas no país afetaram a produção global do grão.
Além disso, a escassez de café no mercado mundial fez com que os preços aumentassem no Brasil, refletindo as dificuldades no abastecimento. Como resultado, o consumidor brasileiro também tem sentido no bolso o peso dessa alta no preço do café.
A pressão dos alimentos na inflação
Embora o IPCA de março tenha mostrado uma desaceleração geral da inflação, o grupo de Alimentos e Bebidas seguiu pressionando o índice. Esse grupo teve uma alta de 1,17%, superando os 0,7% registrados em fevereiro. A alimentação, que representa uma parte significativa das despesas das famílias, continua sendo um dos principais motores da inflação no Brasil.
Além de ovos, tomate e café, outros alimentos também apresentaram aumentos significativos. Entre os mais impactantes estão a manga (+25,64%), o morango (+17,82%) e a laranja (+9,49%). Esses aumentos geram preocupação entre os consumidores, que sentem o impacto no dia a dia, especialmente em uma época de recuperação econômica.
O futuro da inflação e o impacto nos consumidores
A alta de preços no setor de alimentos traz um desafio para a economia brasileira, pois impacta diretamente o poder de compra da população. Embora o alívio nas contas de energia elétrica tenha ajudado a desacelerar a inflação de março, a pressão dos alimentos continua a ser um fator importante a ser monitorado.
A expectativa é que os preços possam continuar a subir nos próximos meses, especialmente se as condições climáticas adversas persistirem e as exportações de produtos como ovos continuarem em alta. Além disso, o aumento dos preços de alimentos essenciais como ovos, café e tomate reflete uma dinâmica complicada para o bolso do consumidor, que já enfrenta a alta de outros itens da cesta básica.