O Pix, sistema de pagamentos instantâneos criado pelo Banco Central, revolucionou a forma como os brasileiros movimentam dinheiro. Desde 2020, milhões de pessoas utilizam a ferramenta diariamente para transferências, pagamentos e recebimentos em segundos, movimentando bilhões na economia em tempo real.
No entanto, junto com a praticidade, surgiram também problemas: golpes, fraudes e situações de coerção criminosa envolvendo transações via Pix. Para enfrentar esses desafios, o Banco Central implementou uma novidade importante: o botão de contestação, que entra em vigor oficialmente nesta quarta-feira, 1º de novembro de 2025.
O que é o botão de contestação do Pix?

O botão de contestação é uma funcionalidade integrada ao Mecanismo Especial de Devolução (MED), criado para permitir que vítimas de fraudes recuperem valores rapidamente. Com ele, os usuários podem acionar um processo de contestação diretamente pelo aplicativo do banco, com bloqueio instantâneo de recursos suspeitos.
Como funciona o novo recurso?
O processo é simples, mas muito eficiente. A vítima de fraude seleciona a opção “contestar transação” no app do seu banco ou instituição financeira. O banco receptor do Pix suspeito é avisado instantaneamente. O banco do recebedor deve bloquear total ou parcialmente os valores disponíveis. As instituições envolvidas têm até sete dias para verificar a contestação. Se confirmado o golpe, o dinheiro é devolvido em até onze dias após o acionamento do botão.
O que não entra no botão de contestação
O Banco Central deixou claro que nem todas as situações podem ser contestadas. O botão não vale para erros de digitação da chave Pix, arrependimento da transação, desacordo comercial, como problemas com produtos ou serviços, e transferências feitas a terceiros de boa-fé.
Por que o botão de contestação foi criado?
Antes do novo recurso, as devoluções no Pix eram complicadas. Se um fraudador recebia o valor, ele podia rapidamente transferi-lo para outras contas, tornando quase impossível recuperar o dinheiro.
Com o botão de contestação, o objetivo é simples: agilizar o bloqueio e proteger os recursos antes que eles desapareçam em cadeias de transferências.
“Depois do bloqueio, ambos os bancos têm até sete dias para analisar a contestação. Caso concordem que se trata realmente de um golpe, a devolução é efetuada diretamente para a conta da vítima”, explica Breno Lobo, chefe adjunto do Decem (Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro) do Banco Central.
Impactos esperados no combate a fraudes
Agilidade no bloqueio
O grande diferencial é a instantaneidade. Ao invés de depender de processos burocráticos, o bloqueio ocorre imediatamente, aumentando as chances de recuperar o dinheiro.
Redução de prejuízos
Muitas fraudes envolvem transferências rápidas e pulverizadas em várias contas. Com o bloqueio precoce, a possibilidade de reaver os valores aumenta significativamente.
Maior confiança no sistema
O Pix já é usado por mais de 150 milhões de brasileiros. Melhorar a segurança é essencial para manter a confiança da população no sistema, incentivando mais pessoas a utilizarem a ferramenta sem medo de fraudes.
Fraude, golpe e erro: qual a diferença?
É importante entender que o botão de contestação não cobre todas as situações.
Fraude
Ocorre quando alguém tem seus dados roubados ou é enganado para que a transação seja feita sem autorização. Um exemplo comum é a clonagem de WhatsApp.
Golpe
A vítima realiza o pagamento voluntariamente, mas é enganada por uma promessa falsa, como um anúncio de produto inexistente.
Erro
Quando o usuário se engana ao digitar uma chave Pix ou valor. Esse caso não se enquadra no botão de contestação.
O que muda para os usuários?
A partir de novembro, todos os aplicativos de bancos, fintechs e cooperativas deverão oferecer a opção de contestação no menu de transações Pix.
Passo a passo para acionar o botão
Abra o aplicativo da sua instituição financeira. Acesse a área do Pix e localize “contestar transação”. Informe os dados da operação: valor, data e destinatário. O banco acionará automaticamente o Mecanismo Especial de Devolução. Acompanhe o andamento do processo diretamente pelo aplicativo.
Perguntas frequentes sobre o botão de contestação do Pix
Quanto tempo leva para recuperar o dinheiro?
O prazo máximo é de 11 dias após a contestação, caso os bancos confirmem a fraude.
O que acontece se o dinheiro não estiver mais na conta do fraudador?
O bloqueio ocorre apenas sobre valores disponíveis. Se não houver saldo, a devolução pode ser parcial ou até inexistente.
Preciso registrar boletim de ocorrência?
O botão funciona de forma autônoma, mas o Banco Central recomenda registrar o boletim para formalizar o crime.
Posso contestar qualquer Pix?
Não. O recurso é válido apenas para fraudes, golpes e situações de coerção. Erros e desacordos comerciais não são contemplados.
Evolução da segurança do Pix
Desde seu lançamento, o Pix passou por diversas melhorias para reduzir riscos de fraude. Entre elas: limite noturno, que restringe transferências de até R$ 1.000 entre 20h e 6h, salvo ajuste do usuário; bloqueio cautelar, que permite aos bancos reter valores suspeitos por até 72 horas; e a integração com o MED, que agora ganha mais força com o botão de contestação.
Em 2025, o Banco Central também planeja lançar o Pix parcelado e o Pix automático, ampliando ainda mais o ecossistema de pagamentos.
Repercussão entre especialistas

Especialistas do setor financeiro avaliam que a novidade é um avanço significativo na proteção dos usuários. Para os consumidores, aumenta a sensação de segurança e a possibilidade real de reaver valores. Para os bancos, amplia a responsabilidade de identificar e bloquear contas fraudulentas rapidamente. Para os fraudadores, a rapidez no bloqueio dificulta a pulverização de recursos.
Mesmo assim, profissionais alertam que educação financeira e digital continua sendo essencial, pois muitos golpes ainda exploram a confiança e a ingenuidade das vítimas.
Considerações finais
O botão de contestação no Pix, que entra em vigor em 1º de novembro de 2025, representa um passo importante na luta contra fraudes digitais. Com bloqueio instantâneo, análise em até sete dias e devolução em até onze dias, a ferramenta amplia a proteção aos usuários e reforça a confiança no sistema de pagamentos mais popular do Brasil.
Mesmo com essa inovação, o Banco Central lembra: a melhor defesa continua sendo a prevenção. Fique atento a mensagens suspeitas, verifique sempre a autenticidade dos pedidos de pagamento e não compartilhe dados pessoais. Assim, você aproveita todas as facilidades do Pix sem colocar seu dinheiro em risco.
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