O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou que novas diretrizes para o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) devem ser definidas dentro de um prazo de 30 dias. A declaração foi dada na quinta-feira, 10 de abril de 2025, após reunião com o Ministério do Trabalho e Emprego.
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O que é o PAT e como ele funciona atualmente
Criado para incentivar empresas a oferecerem benefícios alimentares aos seus funcionários, o PAT permite isenções fiscais vinculadas ao pagamento de vale-refeição (VR) e vale-alimentação (VA). O benefício, quando concedido dentro dos parâmetros do programa, não tem natureza salarial, o que reduz encargos trabalhistas.
Isso significa que o valor não se incorpora ao salário e não sofre incidência de INSS, FGTS ou férias, desde que concedido a todos os funcionários, sem distinções. Essa característica torna o PAT atrativo para empregadores e vantajoso para trabalhadores.
Por que o PAT está sendo revisado?
Segundo Haddad, a necessidade de revisar a regulamentação do PAT surge da identificação de distorções no uso do programa. O governo quer evitar que empresas utilizem o benefício como ferramenta de evasão fiscal, concedendo-o de forma seletiva ou com finalidade diferente da original.
Além disso, há críticas de que operadoras de benefícios alimentares exercem um poder excessivo sobre os estabelecimentos, impondo taxas elevadas e dificultando o repasse integral dos valores pagos pelas empresas aos trabalhadores.
Ponto central: garantir isonomia e transparência
Um dos objetivos da revisão é assegurar que o PAT seja aplicado de forma equitativa e que os benefícios cheguem integralmente aos trabalhadores. Isso pode incluir a obrigatoriedade de que todos os colaboradores recebam o VA ou o VR em igualdade de condições, além de critérios mais claros sobre a isenção fiscal.
O que pode mudar com a nova regulamentação
Ainda não há um texto final das mudanças, mas a proposta do governo indica que os seguintes pontos devem ser contemplados:
1. Novos critérios para isenção fiscal
A concessão de isenção de tributos deve ficar condicionada a práticas mais rígidas de inclusão de todos os trabalhadores no programa. O objetivo é coibir o uso seletivo e promover equidade interna nas empresas.
2. Regras para operadoras de benefícios
As empresas que fornecem VA e VR podem ser submetidas a regras mais estritas quanto às taxas cobradas de estabelecimentos comerciais e quanto à transparência nas operações com empregadores.
3. Fortalecimento da fiscalização
O Ministério do Trabalho deve reforçar a fiscalização para garantir o cumprimento dos requisitos do PAT. Empresas que descumprirem as normas podem perder o direito à isenção fiscal.
Impactos para empregadores e trabalhadores
As mudanças podem representar maior segurança jurídica para empresas que seguem corretamente as normas do PAT, ao mesmo tempo em que ampliam os direitos dos trabalhadores. A isenção continuará a ser um incentivo, mas apenas se o benefício for prestado de forma justa.
Para o trabalhador
- Mais proteção: com regras mais claras, o trabalhador terá mais garantia de acesso ao benefício.
- Menor risco de perda: caso as novas normas sejam cumpridas pelas empresas, o benefício tende a ser mantido mesmo em contextos de crise.
Para a empresa
- Maior responsabilidade: será necessário planejar a concessão dos benefícios com base nas novas diretrizes.
- Risco de autuação: empresas que utilizarem o VA ou VR fora do que prevê a regulamentação podem perder isenções e ser penalizadas.
Qual a previsão para entrada em vigor?
Haddad afirmou que o governo trabalha com um prazo de até 30 dias para definir as novas regras. No entanto, é possível que a regulamentação seja publicada em fases, com períodos de adaptação para empresas e operadoras de benefícios.
O que dizem os especialistas
Economistas e juristas trabalhistas apontam que a iniciativa pode contribuir para reduzir fraudes fiscais, fortalecer os direitos trabalhistas e gerar um ambiente de maior equilíbrio nas relações de trabalho. Contudo, alertam que as mudanças precisam vir acompanhadas de clareza e simplicidade nas regras.
Como acompanhar as mudanças no PAT
Os trabalhadores e empregadores interessados devem acompanhar as publicações do Diário Oficial da União e os canais oficiais do Ministério da Fazenda e do Ministério do Trabalho e Emprego.
Além disso, sindicatos, contadores e assessorias jurídicas das empresas devem se preparar para orientar corretamente as organizações com base na nova legislação.