O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou uma nova iniciativa que visa expandir o alcance do programa Pé-de-Meia, voltado para estudantes do ensino médio. Durante um evento recente, Lula revelou sua intenção de propor ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a criação de uma versão estadual do Pé-de-Meia como parte das renegociações das dívidas dos estados.
O objetivo é ampliar o número de beneficiários, especialmente entre aqueles que não são contemplados pelo Cadastro Único (CadÚnico). As renegociações das dívidas estaduais têm sido um tema constante no governo, com diversas propostas sendo consideradas para aliviar a carga financeira dos estados em troca de investimentos específicos.
Lula sugere que, ao invés de simplesmente reduzir juros, os estados possam quitar parte de suas dívidas ao implementar o Pé-de-Meia estadual. Isso permitiria que mais jovens tivessem acesso a uma poupança educacional, incentivando a continuidade dos estudos e a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
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Programa Pé-de-Meia
O Pé-de-Meia foi inicialmente lançado pelo governo federal com o objetivo de reduzir a evasão escolar. O programa oferece uma poupança para alunos do ensino médio que cumpram certos requisitos, como a aprovação anual e a participação no Enem. Atualmente, o programa beneficia cerca de 4 milhões de jovens, e a proposta de Lula visa aumentar esse número significativamente através da versão estadual.
Embora a proposta de Lula apresente uma solução inovadora, ela enfrenta desafios no Congresso. Uma sugestão anterior do governo, que propunha a troca de dívidas por um aumento nas vagas de ensino técnico, não foi bem recebida. Alternativamente, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), sugeriu investimentos em infraestrutura e segurança como formas de pagamento da dívida.
Investimentos em infraestrutura e outros projetos
O anúncio de Lula foi feito durante um evento que destacou um pacote de investimentos de R$ 41,7 bilhões em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Esses investimentos abrangem transporte, prevenção de desastres, esgotamento sanitário, abastecimento de água e infraestrutura social, distribuídos em 899 empreendimentos por 27 estados e 710 municípios.
Lula enfatizou a importância de cooperação entre o governo federal e os governadores estaduais. Ele mencionou que convida todos os governadores para eventos do governo federal, embora alguns não compareçam. A ausência de alguns governadores é atribuída à visão negativa de um presidente que priorizava estados amigos, uma crítica velada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
Detalhes dos investimentos do PAC
Entre os projetos anunciados, R$ 15,3 bilhões serão destinados a drenagem urbana para prevenir desastres ambientais. Esses projetos focam na gestão de águas pluviais para reduzir riscos de inundações, enxurradas e alagamentos, com R$ 6,5 bilhões específicos para o Rio Grande do Sul.
As modalidades de investimento incluem:
- Mobilidade Urbana: Projetos para grandes e médias cidades, como metrôs, trens, VLTs e BRTs, além de infraestrutura para ciclistas e pedestres;
- Prevenção a Desastres Naturais: Melhorias na infraestrutura de drenagem urbana;
- Esgotamento Sanitário: Ampliação do acesso e qualidade dos serviços de coleta e tratamento de esgoto;
- Convive: Construção de 30 centros comunitários para serviços assistenciais e de cidadania;
- Abastecimento de Água: Melhorias no acesso e qualidade do abastecimento de água, visando universalização até 2033.
Distribuição dos recursos
Os investimentos estão divididos da seguinte forma:
- Mobilidade Urbana – Grandes e Médias Cidades: R$ 9,9 bilhões;
- Prevenção a Desastres Naturais: Drenagem Urbana Sustentável: R$ 15,3 bilhões;
- Esgotamento Sanitário – Urbano: R$ 10,1 bilhões;
- Abastecimento de Água – Urbano: R$ 5,9 bilhões;
- CONVIVE – Centro Comunitário pela Vida: R$ 46 milhões.
A proposta de Lula para o Pé-de-Meia estadual representa uma tentativa significativa de abordar a questão das dívidas estaduais enquanto investe na educação e no futuro dos jovens brasileiros. Se implementada, pode não apenas aliviar a carga financeira dos estados, mas também oferecer novas oportunidades educacionais para milhões de estudantes. O sucesso dessa iniciativa dependerá da aceitação no Congresso e da colaboração entre os diferentes níveis de governo.
Imagem: ijeab/elements.envato.com