A recente aprovação do Projeto de Lei (PL) 2.472/2022 pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal promete transformar a vida de milhões de brasileiros diagnosticados com lúpus e epilepsia. O projeto propõe isentar essas doenças do período de carência exigido pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para concessão de benefícios como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.
Com mais de dois milhões de pessoas potencialmente beneficiadas, a proposta representa um avanço significativo na proteção social e no reconhecimento das necessidades desses pacientes.
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O que é o período de carência no INSS?

O período de carência no INSS é o número mínimo de contribuições mensais que o segurado precisa realizar para ter acesso a determinados benefícios previdenciários. Atualmente, a regra geral exige 12 meses de contribuições para benefícios como auxílio-doença e aposentadoria por invalidez.
No entanto, algumas doenças graves, como câncer, tuberculose ativa e hanseníase, já estão isentas dessa exigência. Caso o PL 2.472/2022 seja aprovado em definitivo, lúpus e epilepsia passarão a integrar essa lista, garantindo acesso mais ágil e menos burocrático aos benefícios.
Como o projeto impacta pacientes com lúpus e epilepsia?
Lúpus
Lúpus é uma doença autoimune que pode atingir diversos órgãos, como pele, rins, articulações e o sistema nervoso. Estima-se que entre 150 mil e 300 mil brasileiros convivam com essa condição, sendo a maioria mulheres jovens.
- Impacto no trabalho: Pode causar incapacidade temporária ou permanente, limitando as atividades laborais.
- Custos elevados: O tratamento envolve medicamentos de alto custo e acompanhamento médico contínuo.
Epilepsia
A epilepsia é caracterizada por crises convulsivas recorrentes, causadas por alterações no cérebro. Cerca de dois milhões de brasileiros convivem com essa condição, sendo que 25% enfrentam formas graves da doença.
- Limitações funcionais: Crises frequentes podem impedir a realização de tarefas simples e colocar em risco a segurança do paciente.
- Estigma social: Muitos enfrentam preconceitos que dificultam a integração no mercado de trabalho.
A inclusão dessas doenças na lista de isenção do período de carência oferece uma rede de segurança financeira para pacientes que muitas vezes não conseguem contribuir regularmente para a Previdência Social.
Tramitação do projeto de lei
O PL 2.472/2022, de autoria do senador Paulo Paim, foi aprovado pela CAE e segue agora para análise na Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Se aprovado, será submetido ao plenário do Senado antes de seguir para sanção presidencial.
A relatora do projeto, senadora Damares Alves, destacou que a medida não elimina a necessidade de perícia médica. Ou seja, o benefício será concedido apenas aos pacientes incapacitados para o trabalho devido ao lúpus ou à epilepsia.
Expectativas e benefícios sociais
A aprovação do projeto trará mudanças significativas para os beneficiários e para o sistema previdenciário:
1. Acesso mais rápido aos benefícios
A eliminação da carência permitirá que pacientes em situação de vulnerabilidade obtenham auxílio financeiro sem a necessidade de um período mínimo de contribuições.
2. Redução da burocracia
Com regras mais simples, os processos no INSS se tornam menos complexos, beneficiando segurados e a própria administração pública.
3. Apoio às famílias
O suporte financeiro contribui para custear tratamentos, melhorar a qualidade de vida dos pacientes e aliviar a pressão econômica sobre as famílias.
Desafios para a implementação
Apesar do avanço, a implementação da medida exige:
- Adaptação do sistema do INSS: O órgão precisará ajustar seus processos para incluir lúpus e epilepsia na lista de doenças isentas de carência.
- Capacitação de profissionais: Médicos peritos deverão ser treinados para avaliar corretamente as condições incapacitantes dessas doenças.
- Regulamentação clara: É necessário definir critérios específicos para garantir que a medida seja executada de forma eficaz e sem distorções.
Comparações internacionais e avanços no Brasil
Países como Canadá e Austrália já adotam sistemas previdenciários que priorizam o suporte imediato a pacientes com doenças graves, reconhecendo sua vulnerabilidade financeira. A aprovação do PL 2.472/2022 alinha o Brasil a essas práticas, reforçando o compromisso com a inclusão social.
Depoimentos e mobilização social
Organizações de pacientes e ativistas têm desempenhado um papel fundamental na tramitação do projeto. Ana Maria, diagnosticada com lúpus, relatou:
“Se essa medida já estivesse em vigor, teria evitado meses de sofrimento enquanto aguardava o auxílio para pagar meu tratamento.”
Carlos, portador de epilepsia grave, destacou:
“O acesso rápido ao benefício pode ser a diferença entre continuar o tratamento ou interrompê-lo por falta de recursos.”
Esses relatos evidenciam a importância do projeto para quem convive com essas doenças.
Conclusão: Um passo rumo à equidade social
A isenção de carência no INSS para pacientes com lúpus e epilepsia é mais que uma conquista legislativa; é um reconhecimento das necessidades urgentes de milhões de brasileiros.
Com a aprovação do projeto, o Brasil avança na construção de um sistema previdenciário mais justo e inclusivo, que coloca a dignidade e o bem-estar dos cidadãos no centro das políticas públicas. Agora, resta aguardar os próximos passos legislativos e a sanção presidencial para que essa medida se torne realidade.
Imagem: Freepik e Canva



