O Ministério de Minas e Energia está finalizando um projeto de lei que pode transformar o modelo tarifário do setor elétrico brasileiro. A proposta, prevista para ser enviada à Casa Civil ainda em abril de 2025, visa isentar do pagamento da conta de luz famílias de baixa renda com consumo mensal de até 80 kWh. A medida promete beneficiar até 60 milhões de brasileiros, promovendo justiça social e energética.
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O que é a tarifa social de energia elétrica?

A tarifa social é uma política pública voltada à população de baixa renda, que garante descontos na conta de luz conforme o consumo mensal. Atualmente, têm direito ao benefício:
- Famílias inscritas no Cadastro Único com renda per capita de até meio salário mínimo;
- Beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC);
- Indígenas e quilombolas, que já possuem isenção total se consumirem até 50 kWh.
Os descontos variam conforme o consumo, podendo chegar a 65%. O novo projeto amplia esse benefício, transformando-o em isenção total dentro de uma faixa de consumo maior.
O que muda com a nova proposta?
Nova faixa de isenção: 80 kWh
A principal mudança é a ampliação da faixa de isenção para até 80 kWh mensais — hoje limitada a 50 kWh apenas para indígenas e quilombolas. A proposta torna gratuita a conta de luz para todos os usuários do CadÚnico e BPC que permanecerem dentro desse limite.
Detalhamento da nova regra
Público-alvo:
- Famílias no Cadastro Único (CadÚnico);
- Indígenas e quilombolas;
- Idosos e pessoas com deficiência beneficiários do BPC.
Limite de consumo para gratuidade:
- Isenção total para consumo até 80 kWh por mês.
Consumo acima de 80 kWh:
- Modelo de desconto escalonado pode ser mantido, mas ainda está em discussão.
Segundo o ministro Alexandre Silveira, os 80 kWh são suficientes para cobrir o consumo básico de uma residência com eletrodomésticos essenciais, como geladeira, chuveiro elétrico, televisão e iluminação em até seis cômodos.
Quantas pessoas serão beneficiadas?
A estimativa oficial do governo é de que cerca de 60 milhões de brasileiros possam ser contemplados. Esse número inclui:
- Famílias em situação de vulnerabilidade socioeconômica;
- Povos indígenas e comunidades quilombolas;
- Idosos e pessoas com deficiência que vivem com renda limitada.
Como será financiada a nova política?
Revisão do modelo tarifário
O financiamento será feito com base em uma reestruturação dos encargos setoriais e subsídios cruzados, buscando corrigir distorções históricas do setor elétrico.
Principais distorções apontadas:
- Encargos desiguais: Consumidores de baixa renda do mercado regulado arcam com custos que não afetam o mercado livre, como as usinas nucleares e térmicas.
- Justiça tarifária: A proposta visa redistribuir esses custos de forma mais justa entre consumidores residenciais e grandes consumidores industriais e comerciais.
Segundo o ministro, a nova política não causará aumento significativo para os demais consumidores, pois será compensada com ajustes estruturais.
Liberdade de escolha: um novo modelo para o consumidor
Outro eixo da proposta é permitir que consumidores residenciais escolham a fonte e o fornecedor de energia. A medida pretende incentivar a concorrência no setor elétrico, reduzir custos e ampliar o uso de energias renováveis.
Como funcionará:
- O consumidor poderá usar aplicativos para comparar tarifas e contratar diretamente de fornecedores;
- A escolha poderá incluir energia solar, eólica, hidrelétrica, entre outras;
- O pagamento poderá ser feito via distribuidora ou diretamente ao fornecedor.
Impacto direto na vida dos consumidores de baixa renda
Para famílias que vivem com orçamento apertado, a conta de luz representa um peso significativo. A isenção até 80 kWh pode significar:
Benefícios diretos:
- Alívio imediato nas despesas mensais;
- Redução da inadimplência e risco de corte no fornecimento;
- Mais recursos disponíveis para alimentação, saúde e educação;
- Incentivo ao consumo consciente de energia;
- Aumento da qualidade de vida doméstica.
O que ainda precisa ser definido?
Apesar do entusiasmo, a proposta ainda precisa superar etapas importantes:
Tramitação legal:
- Envio à Casa Civil (previsto para abril de 2025);
- Análise e aprovação no Congresso Nacional;
- Regulamentação pela ANEEL e órgãos responsáveis.
Pontos em aberto:
- Como será tratada a faixa entre 80 e 220 kWh?
- O subsídio cruzado será suficiente para cobrir a nova política?
- Haverá impacto para consumidores comerciais ou de classe média?
O setor elétrico brasileiro e os desafios da equidade
O Brasil possui uma das tarifas de energia mais caras do mundo, resultado de tributos elevados, encargos setoriais e falta de concorrência. O novo projeto busca corrigir distorções que fazem com que os mais pobres arquem com uma parcela desproporcional da conta.
Objetivos da proposta:
- Reduzir desigualdades: Tornar o sistema mais justo, aliviando o peso sobre os mais vulneráveis;
- Incentivar renováveis: Estimular o uso de fontes limpas e diversificar a matriz energética;
- Modernizar o setor: Promover liberdade de escolha e transparência no mercado.
Conclusão
A proposta do governo federal de isentar a conta de luz de famílias de baixa renda é um passo ambicioso em direção à justiça social e à modernização do setor energético brasileiro. Ao garantir até 80 kWh mensais gratuitos, o projeto pode transformar a vida de milhões de brasileiros, promovendo dignidade, economia e sustentabilidade.
O sucesso da medida, no entanto, dependerá de uma implementação bem estruturada, que equilibre benefícios sociais e viabilidade econômica. O debate está aberto — e o Brasil aguarda com expectativa.



