Em 2025, o Bolsa Família continua sendo um dos principais programas de transferência de renda para famílias em situação de vulnerabilidade no Brasil. No entanto, muitos beneficiários têm dúvidas sobre como a formalização como MEI ou a posse de um CNPJ impacta no recebimento do benefício. Afinal, quem tem CNPJ pode continuar recebendo o Bolsa Família?
Neste artigo, explicamos detalhadamente como funciona a relação entre a abertura de CNPJ e a continuidade do Bolsa Família, quais são os critérios de renda, como declarar corretamente os valores no Cadastro Único (CadÚnico) e quais cuidados tomar para evitar o bloqueio ou cancelamento do benefício.
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Renda familiar é o principal critério
O Bolsa Família é voltado para famílias com renda mensal per capita inferior a R$ 218,00. Essa é a principal exigência para o acesso ao programa em 2025. Famílias com renda um pouco acima desse valor ainda podem se beneficiar da Regra de Proteção, que permite o recebimento de 50% do valor do benefício por até 24 meses, desde que a renda por pessoa não ultrapasse R$ 706,00 (meio salário mínimo).
Valores do benefício
Em média, o Bolsa Família 2025 paga R$ 600 por família, com adicionais para:
- Crianças de 0 a 6 anos: R$ 150 por criança;
- Crianças e adolescentes de 7 a 18 anos: R$ 50 por membro;
- Gestantes e lactantes: R$ 50 por pessoa.
Cadastro Único: porta de entrada para o Bolsa Família
A importância do CadÚnico
Para receber o Bolsa Família, é obrigatório estar inscrito no Cadastro Único para Programas Sociais. É nele que o governo coleta dados sobre a composição da família, renda, moradia e atividade profissional.
Atualização de dados
Sempre que houver qualquer mudança — como um novo emprego, abertura de CNPJ ou alteração na renda —, o responsável familiar deve atualizar o CadÚnico em até 30 dias para evitar o bloqueio do benefício.
Quem tem CNPJ pode receber o Bolsa Família?
CNPJ bloqueia automaticamente o benefício?
Não. Ter um CNPJ não cancela automaticamente o Bolsa Família. O que realmente importa é se a renda líquida da família permanece dentro dos limites permitidos pelo programa.
Como o governo avalia quem tem empresa?
O governo considera os seguintes pontos ao avaliar a situação de quem possui CNPJ:
- Tipo de empresa: a maioria dos beneficiários se registra como MEI.
- Renda líquida: é considerado o faturamento mensal menos as despesas do negócio.
- Declaração correta no CadÚnico: a renda do MEI deve estar registrada com precisão, refletindo o valor líquido real.
Diferenças entre MEI e empresário de pequeno porte
MEI (Microempreendedor Individual)
- Limite de faturamento: R$ 81.000 por ano (média de R$ 6.750 por mês).
- Regime simplificado de impostos.
- Permite atuar formalmente e contribuir com a Previdência Social.
- Pode continuar recebendo o Bolsa Família se a renda líquida per capita da família for inferior a R$ 218.
Empresário de pequeno porte
- Limite de faturamento anual mais alto (até R$ 360 mil ou mais).
- Regime tributário mais complexo.
- Geralmente, não se enquadra nos critérios de vulnerabilidade do Bolsa Família.
Como o governo calcula a renda de quem tem CNPJ
Etapas da avaliação
- Leitura do CadÚnico: verificação da atividade econômica e da renda registrada.
- Cruzamento de dados: o sistema cruza as informações com a Receita Federal e o CNPJ ativo.
- Verificação da renda líquida: é a diferença entre o faturamento e os custos operacionais (contas, impostos, mercadorias).
Renda formal, informal e faturamento
- Renda formal: salários, aposentadorias, pensões e pró-labore.
- Renda informal: bicos, comissões não registradas, serviços autônomos.
- Faturamento do CNPJ: o governo só considera a parte que efetivamente entra como renda da família, ou seja, o valor líquido do negócio.
O que deve ser declarado no CadÚnico
Ao preencher o CadÚnico, o responsável deve:
- Informar corretamente a atividade exercida (ex: “vendedor ambulante”, “cabeleireira”, “marceneiro”).
- Registrar a renda líquida mensal do negócio, considerando os gastos fixos e variáveis.
- Atualizar os dados sempre que houver mudança no faturamento ou na estrutura familiar.
Regras para manter o Bolsa Família com CNPJ
Como evitar o cancelamento
- Mantenha a renda dentro dos limites.
- Atualize o CadÚnico periodicamente (pelo menos a cada 2 anos ou sempre que houver mudanças).
- Seja honesto na declaração da atividade e do faturamento.
- Acompanhe o extrato de pagamentos no aplicativo Bolsa Família ou Caixa Tem.
Quando o benefício pode ser cancelado?
Principais motivos de bloqueio ou cancelamento
- Renda familiar acima de R$ 218 por pessoa.
- Falta de atualização no CadÚnico.
- Dados inconsistentes entre CadÚnico e Receita Federal.
- Falta de comprovação de frequência escolar (para quem tem crianças/adolescentes).
- Não realização do acompanhamento de saúde das gestantes ou crianças.
Dúvidas frequentes sobre CNPJ e Bolsa Família

MEI que não fatura tem direito ao Bolsa Família?
Sim. Se o faturamento for zero e não houver outras fontes de renda que elevem a média familiar, o benefício continua.
Preciso cancelar o CNPJ para manter o benefício?
Não. Basta manter a renda dentro dos critérios estabelecidos e atualizar as informações no CadÚnico.
O governo cruza os dados do CNPJ com o CadÚnico?
Sim. A Receita Federal e o Ministério do Desenvolvimento Social monitoram os dados automaticamente. Informações inconsistentes podem levar ao bloqueio.
Conclusão
Em 2025, o Bolsa Família está mais atento às condições econômicas reais das famílias brasileiras. A formalização por meio de um CNPJ — especialmente como MEI — não impede o recebimento do benefício, desde que a renda permaneça dentro dos critérios estabelecidos pelo programa.
A chave para manter o benefício é a transparência na declaração dos dados, a atualização regular no CadÚnico e o conhecimento das regras. Com essas medidas, é possível empreender e continuar contando com o apoio do Bolsa Família.
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