O Tribunal de Contas da União (TCU) determinou o bloqueio de R$ 6 bilhões destinados ao Programa Pé-de-Meia, um auxílio mensal voltado a estudantes de baixa renda.
A decisão, tomada pelo plenário na última quarta-feira (22), baseou-se em recomendações da área técnica do tribunal, apontando irregularidades fiscais e riscos para a credibilidade das contas públicas. Saiba mais a seguir.
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Entenda as razões do bloqueio
A principal justificativa para a suspensão dos recursos está na utilização de fundos privados, especificamente do Fundo de Garantia de Operações (FGO), para financiar o programa.
De acordo com o ministro Augusto Nardes, que já havia concedido uma medida cautelar na semana anterior, a transferência foi realizada sem aprovação do Congresso e fora do orçamento federal, desrespeitando normas fiscais.
A decisão do TCU não interrompe o funcionamento imediato do programa, mas restringe a utilização dos recursos bloqueados. Enquanto isso, a unidade técnica do tribunal segue investigando a regularidade do modelo de financiamento do Pé-de-Meia.
MEC e Fazenda reagem à decisão
Após a decisão, o Ministério da Educação (MEC) informou que irá fornecer os esclarecimentos necessários, defendendo a legalidade dos aportes realizados. “Todos os aportes feitos para o programa Pé-de-Meia foram aprovados pelo Congresso Nacional e cumpriram as normas orçamentárias vigentes”, afirmou o MEC em nota oficial.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou que o programa será incluído no orçamento federal a partir de 2026, adaptando-se às regras do novo arcabouço fiscal. Por enquanto, o governo seguirá utilizando recursos do FGO, que não estão sujeitos às mesmas restrições orçamentárias.
Impactos para o programa e para os beneficiários
Embora o bloqueio não interfira diretamente nos pagamentos imediatos aos beneficiários, ele traz incertezas quanto ao futuro do programa. O Pé-de-Meia desempenha um papel crucial no apoio financeiro a estudantes de baixa renda, e a suspensão dos recursos gera dúvidas sobre a sustentabilidade do auxílio.
Especialistas alertam que situações como essa podem abalar a confiança na gestão pública e prejudicar programas que dependem de financiamentos específicos. A inclusão no orçamento a partir de 2026 pode ser uma solução, mas a demora para sua implementação ainda preocupa.
Próximos passos
Enquanto o TCU aprofunda sua análise, o governo busca alternativas para garantir a continuidade do programa. A Fazenda informou que irá se manifestar nos autos do processo, enquanto o MEC trabalha para justificar os repasses realizados.
O caso traz à tona discussões sobre a necessidade de maior rigor na execução orçamentária e o impacto de decisões técnicas sobre programas sociais de grande alcance.