Em setembro de 2024, os brasileiros enfrentarão um aumento significativo na conta de luz devido ao acionamento da bandeira vermelha no patamar 2. Esta é a primeira vez em mais de três anos que essa bandeira é acionada, e a medida promete impactar diretamente o bolso dos consumidores. O aumento estimado nas tarifas varia entre 10% e 13%, dependendo do consumo de energia de cada residência.
O acionamento da bandeira vermelha 2 ocorre devido à escassez de chuvas, que levou ao uso mais intensivo das termelétricas, responsáveis pela geração de energia mais cara. O custo adicional será de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, elevando significativamente o valor das faturas de energia elétrica.
Com a nova tarifa, muitos brasileiros estão preocupados com o impacto no orçamento doméstico e como isso afetará a inflação, que já está pressionada. Economistas estão analisando como esse aumento nas contas de luz pode influenciar a inflação e se a meta estabelecida pelo Banco Central para este ano será comprometida.
Como o Aumento na Tarifa de Energia Afeta o Bolso dos Consumidores
O impacto do aumento na tarifa de energia elétrica pode variar com base no consumo médio de cada residência. De acordo com economistas, o reajuste pode resultar em um aumento médio entre 10% e 13% na conta de luz. Para uma residência com consumo médio de 200 kWh/mês, a fatura pode passar de R$ 147 para R$ 163, um acréscimo de R$ 16.
Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners, projeta um aumento de 12%, enquanto Leonardo Costa, economista da ASA Investments, estima uma elevação média de 11,5% devido à seca que afeta grande parte do país. Já Homero Guizzo, da Terra Investimentos, prevê um aumento de 13%. A seca, que causou uma piora nas condições hidrológicas, é citada como uma das principais razões para o acionamento da bandeira vermelha, ao invés da bandeira amarela esperada.
Maikon Perin, especialista da Ludfor Energia, também acredita que o reajuste será superior a 10% este mês. O cenário atual exige uma revisão cuidadosa dos gastos com energia e a implementação de medidas para reduzir o consumo e mitigar o impacto no orçamento familiar.
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Impacto na Inflação e Perspectivas para o Futuro
O aumento nas contas de luz também tem implicações diretas na inflação, que já está pressionada e pode superar o teto da meta estabelecida pelo Banco Central. A alta de 13% no preço da energia elétrica pode adicionar até 0,52 ponto percentual ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste mês, elevando o índice para cerca de 0,72%.
Até julho, a inflação acumulada nos últimos 12 meses era de 4,5%, atingindo o teto da meta. O Boletim Focus revelou que a projeção para o IPCA de 2024 subiu para 4,26%, e o impacto da bandeira vermelha ainda não foi totalmente incorporado a essa estimativa. Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, prevê uma alta de 0,43 ponto percentual na inflação de setembro, mas acredita que a bandeira vermelha pode retornar à bandeira amarela até o final do ano, o que ajudaria a reduzir parte desse impacto.
Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, ajustou sua previsão para a inflação de setembro de 0,31% para 0,63%. Ela sugere que a bandeira vermelha 2 pode se repetir em outubro, mas acredita que será substituída por bandeira amarela nos meses seguintes.
Histórico e Contexto das Bandeiras Tarifárias
A bandeira vermelha patamar 2 não era acionada desde agosto de 2021. O sistema de bandeiras tarifárias, implementado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2015, visa informar os consumidores sobre os custos de geração de eletricidade e estimular o uso consciente da energia. As bandeiras têm três cores: verde (sem custo extra), amarela (condições de geração desfavoráveis) e vermelha (condições de geração mais custosas).
Desde abril de 2022, o Brasil passou por uma sequência de bandeiras verdes, indicando condições favoráveis para a geração de energia. No entanto, a recente bandeira vermelha reflete um aumento significativo nos custos de geração devido à seca e à dependência maior das termelétricas, que é uma medida necessária para garantir a oferta de energia em períodos críticos.
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