O sistema de pedágio free flow vem ganhando força no Brasil, transformando a forma como motoristas pagam pelas tarifas nas rodovias do país. Diferente do modelo tradicional, onde há cabines e cancelas, o pedágio free flow é totalmente automático e não exige a parada do veículo. Mas, como ele funciona na prática? Quais as vantagens e desvantagens desse modelo? Vamos explorar tudo o que você precisa saber sobre essa novidade que promete revolucionar o setor de transportes.
O que é o pedágio free flow?
O pedágio free flow é uma tecnologia que permite a cobrança de tarifas sem a necessidade de o motorista parar em uma cabine para pagar. Utilizando câmeras e sensores instalados ao longo da rodovia, o sistema captura a placa do veículo e registra a passagem, gerando a cobrança automaticamente. O motorista tem um prazo de 30 dias para efetuar o pagamento, seja por meio de plataformas digitais, como o aplicativo Pedágio Pay, WhatsApp ou até mesmo de forma presencial nos totens de autoatendimento.
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Esse modelo foi criado para proporcionar mais fluidez no tráfego e, ao mesmo tempo, facilitar o processo de pagamento. Com a eliminação das cabines, a ideia é reduzir congestionamentos nas praças de pedágio e tornar a experiência mais prática para os motoristas.
Como funciona o pedágio free flow?
Ao passar por um pedágio free flow, o motorista não precisa mais parar para pagar. A informação sobre a passagem é registrada automaticamente por câmeras e sensores instalados nas vias. O sistema coleta dados da placa do veículo e gera a cobrança correspondente, que pode ser paga de diversas formas:
Métodos de pagamento do pedágio free flow
- Aplicativo Pedágio Pay: Um dos métodos mais usados, o Pedágio Pay permite que os motoristas acompanhem suas passagens e paguem a tarifa diretamente pelo celular.
- WhatsApp: Por meio de um número de atendimento (0800 326 3663), o motorista pode solicitar informações sobre o valor a ser pago e realizar o pagamento.
- Totens de Autoatendimento: Disponíveis em alguns pontos da rodovia, esses totens funcionam como caixas eletrônicos, permitindo que o motorista faça o pagamento pessoalmente.
- Pix, Cartão de Crédito/Débito ou Dinheiro: Outra alternativa é o pagamento via Pix, cartão ou até mesmo dinheiro em locais físicos, caso o motorista prefira esse formato.
O pagamento deve ser feito em até 30 dias após a passagem, para evitar a aplicação de multas e pontos na carteira de habilitação.
O caso de Itápolis: Primeiros resultados do pedágio free flow
Recentemente, o sistema de pedágio free flow foi implantado na Rodovia Laurentino Mascari (SP-333), em Itápolis, interior de São Paulo. Durante o primeiro mês de funcionamento, entre 4 de setembro e 4 de outubro de 2024, aproximadamente 12 mil motoristas não pagaram a tarifa, o que representa uma evasão de 8,4% sobre o total de veículos que passaram pelo pedágio. A tarifa no local é de R$ 8,90, o que causou uma perda de cerca de 7% na receita da concessionária EcoNoroeste, responsável pela operação.
Esse número de inadimplentes não é desprezível, mas é esperado que, com o tempo, o sistema se torne mais eficiente e que os motoristas se adaptem ao novo modelo de cobrança. Caso o pagamento não seja realizado dentro do prazo, o motorista recebe uma multa de R$ 195,23 e perde cinco pontos na carteira, já que a falta de pagamento é considerada uma infração grave de trânsito.
Vantagens do sistema free flow
Redução de congestionamentos
Com a eliminação das cabines de pedágio, o sistema free flow tem o potencial de reduzir significativamente os congestionamentos nas praças de pedágio. A agilidade do processo pode facilitar o tráfego nas rodovias, especialmente em horários de pico, quando as filas tendem a ser mais longas.
Facilidade no pagamento
O fato de o pagamento ser feito de forma automatizada e com diferentes opções de canais (aplicativos, WhatsApp, totens) oferece uma experiência mais prática e moderna para o motorista. Não é mais necessário parar para pagar, o que pode economizar tempo e facilitar a vida dos motoristas.
Melhora na experiência do usuário
Com a tecnologia em uso, o motorista tem acesso a um sistema mais transparente e ágil. As informações sobre as tarifas, prazos de pagamento e até mesmo a possibilidade de descontos são facilmente acessíveis, o que cria uma experiência mais amigável para os usuários das rodovias.
Expansão para outras regiões
O sistema free flow já está presente em diversos estados do Brasil, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Além disso, a implementação está se expandindo para rodovias federais, como a BR-101 (a Rio-Santos), nas regiões de Mangaratiba (RS), Paraty (RJ) e Itaguaí (RJ). A expectativa é que o sistema se torne a norma, substituindo gradualmente as tradicionais praças de pedágio com cancelas.
Desvantagens e desafios do pedágio free flow
Inadimplência
Apesar das vantagens, um dos principais desafios do pedágio free flow é a inadimplência. Como o pagamento é feito de forma posterior, há sempre o risco de que alguns motoristas não paguem a tarifa dentro do prazo estipulado. Isso pode afetar as receitas das concessionárias e comprometer a eficácia do sistema, como demonstrado no caso de Itápolis.
Adaptação dos motoristas
Outro desafio é a adaptação dos motoristas ao novo sistema. Muitos ainda estão acostumados ao modelo tradicional, onde o pagamento era feito diretamente nas cabines de pedágio. Para alguns, a transição pode ser confusa, especialmente no que se refere aos prazos e formas de pagamento.
Multas e penalidades
Embora o sistema seja mais prático, a cobrança de multas e a perda de pontos na carteira em caso de inadimplência podem ser um fator desmotivador para os motoristas. A multa de R$ 195,23 é considerável, o que pode gerar resistência de alguns usuários.
O futuro do pedágio free flow no Brasil
A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) prevê que o sistema de pedágio free flow se torne a norma até 2030. O plano é substituir todas as praças de pedágio tradicionais por sistemas automáticos, o que deve proporcionar mais eficiência no setor de transportes e melhorar a fluidez do tráfego nas rodovias do país.
Além disso, a ANTT também projeta que os trabalhadores das praças de pedágio convencionais sejam incorporados ao novo modelo de operação, garantindo a continuidade do emprego para essas pessoas, mas adaptadas ao novo cenário tecnológico.
Considerações finais
O pedágio free flow representa uma evolução no modelo de cobrança de tarifas nas rodovias brasileiras. Com o uso de tecnologia de ponta, o sistema visa reduzir congestionamentos, aumentar a eficiência do tráfego e proporcionar mais comodidade aos motoristas. Apesar dos desafios iniciais, como a inadimplência e a adaptação dos motoristas, a tendência é que o sistema se consolide e se expanda para cada vez mais rodovias do país, trazendo benefícios tanto para os motoristas quanto para as concessionárias responsáveis pela operação.
O futuro do pedágio no Brasil parece estar em um caminho sem volta – e, ao que tudo indica, é um caminho mais rápido e sem paradas.