A greve dos servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) chegou ao seu 93º dia, e o movimento parece longe de uma resolução. Desde 16 de julho, data em que a paralisação foi deflagrada nacionalmente, os servidores têm lutado por melhores condições de trabalho, com um aumento significativo de adesão ao movimento.
Iniciada com a participação de servidores de 11 estados, a greve continua ganhando força, mesmo diante de medidas restritivas impostas pela administração do INSS, como o corte de ponto e a aplicação de faltas injustificadas.
As ações mais recentes incluem protestos e ocupações simbólicas, como o cortejo fúnebre realizado em Brasília, ilustrando a seriedade das reivindicações.
Principais reivindicações dos servidores
Os servidores do INSS, representados pela Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (FENASPS), têm apresentado uma série de demandas. Entre elas estão:
Melhores condições de trabalho
Os servidores relatam sobrecarga devido ao número insuficiente de funcionários, o que afeta diretamente a qualidade dos serviços prestados à população.
Reajuste salarial
O congelamento de salários ao longo dos últimos anos é um dos principais pontos de insatisfação.
Melhorias estruturais no INSS
Além da falta de servidores, as condições físicas das agências são precárias, com relatos de locais sem a mínima infraestrutura para atender adequadamente a população.
Diálogo com o governo
A falta de abertura do Governo Federal para negociações tem sido um obstáculo. Desde o início da greve, diversas tentativas de diálogo foram feitas, mas sem avanços significativos.
Subnotificação de adesão à greve
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Novo golpe no INSS: golpistas estão se passando por servidores
Enquanto a FENASPS busca manter a mobilização ativa e reforçar as reivindicações, o INSS tenta minimizar a adesão ao movimento grevista. De acordo com dados divulgados pelo órgão, o número de servidores em greve seria significativamente menor do que o relatado pela FENASPS.
Segundo a Federação, o canal de ouvidoria do Governo, FalaBR, registrou uma adesão dezenas de vezes maior do que o informado pelo INSS. Isso tem gerado críticas, uma vez que essa subnotificação aparenta ser uma tentativa de desqualificar o movimento e evitar uma pressão pública mais intensa para que haja uma negociação efetiva.
Impactos da greve nos serviços do INSS
A greve, como era de se esperar, tem causado grandes impactos na prestação de serviços do INSS, que já enfrentava problemas estruturais antes mesmo do movimento. Entre os principais efeitos estão:
Atraso na concessão de benefícios
Beneficiários que dependem do INSS para obter auxílio-doença, aposentadorias e outros benefícios enfrentam grandes atrasos. Com a greve, a demora, que já era um problema crônico, se intensificou.
Diminuição no atendimento ao público
As filas virtuais e presenciais nas agências aumentaram drasticamente, deixando milhões de brasileiros sem o suporte necessário em um momento de vulnerabilidade.
Corte de verbas e condições precárias
A greve também trouxe à tona as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores do INSS, que, além de salários congelados, lidam com cortes orçamentários e a falta de investimento em infraestrutura.
A posição do Governo Federal
Desde o início da greve, o Governo Federal tem adotado uma postura rígida em relação ao movimento. Além de ingressar com uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para declarar a greve ilegal, o governo tem se recusado a reabrir as negociações, apesar das inúmeras tentativas de interlocução realizadas pela FENASPS.
A Federação, por sua vez, vem intensificando as pressões sobre o Congresso Nacional e outras instâncias do governo para retomar as tratativas. No entanto, até o momento, não houve avanços significativos, o que prolonga o impasse e agrava a situação.
Movimentos de mobilização e ações da FENASPS
A FENASPS não tem se mantido inerte diante do cenário. Além das medidas judiciais para assegurar o direito de greve, a Federação tem promovido diversas ações públicas para chamar a atenção das autoridades e da população. Entre as mais recentes estão:
Ocupações
Servidores têm realizado ocupações simbólicas em sedes regionais do INSS, incluindo manifestações na Direção Central do órgão.
Atos públicos e protestos
Um dos atos mais impactantes foi o cortejo fúnebre do INSS pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Este protesto buscou ilustrar o “falecimento” da previdência pública no Brasil, frente à falta de diálogo e investimentos.
Interlocução com parlamentares
A FENASPS tem buscado apoio no Congresso Nacional, com o objetivo de pressionar o governo a retomar as negociações. Documentos com as reivindicações dos servidores foram entregues a ministros em Belém/PA e em Brasília/DF.
O que esperar dos próximos passos?
Apesar do longo período de paralisação, ainda não há previsão para o fim da greve. A intransigência do governo em negociar e o desgaste causado pela paralisação podem levar o movimento a se prolongar ainda mais, o que traria mais prejuízos, tanto para os servidores quanto para os beneficiários.
Enquanto a FENASPS continua na busca por uma solução negociada, a população, especialmente a mais vulnerável, segue sofrendo com a falta de atendimento adequado e a demora na concessão de benefícios.
Por outro lado, a crescente adesão à greve sugere que a pressão sobre o governo pode aumentar, forçando uma negociação mais cedo ou mais tarde.