O Supremo Tribunal Federal (STF) está prestes a reavaliar a revisão da vida toda do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O julgamento ocorrerá no plenário virtual da corte entre os dias 23 e 30 de agosto de 2024. A revisão da vida toda é um processo judicial onde aposentados buscam a correção de seus benefícios para incluir salários anteriores a julho de 1994, desafiando uma regra de transição estabelecida pela reforma da Previdência de 1999.
O STF já havia decidido, em março deste ano, que não era possível solicitar a correção com base em salários anteriores. Essa decisão envolveu a análise de duas Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) — 2.110 e 2.111 — que contestavam a constitucionalidade da regra de transição estabelecida pela reforma de 1999. Agora, os ministros devem decidir sobre um recurso que questiona essa decisão e busca esclarecer aspectos do julgamento anterior.
A revisão da vida toda tem sido um ponto controverso, pois muitos aposentados alegam que a regra de transição prejudica suas aposentadorias. A possibilidade de incluir todos os salários antigos no cálculo das aposentadorias é vista como uma maneira de corrigir possíveis injustiças e garantir um benefício mais justo.
Impacto da Revisão da Vida Toda
O impacto financeiro da revisão da vida toda tem sido uma preocupação central nas discussões. O governo alegou que a implementação dessa revisão poderia resultar em um gasto de até R$ 480 bilhões, considerando o pagamento das diferenças acumuladas até que todos os benefícios revisados fossem extintos.
No entanto, o Instituto de Estudos Previdenciários (Ieprev) apresenta cálculos que sugerem um custo muito menor, estimando que a revisão custaria cerca de R$ 3,1 bilhões ao longo dos anos.
Segundo o Ieprev, havia cerca de 102 mil ações válidas antes da decisão de março de 2024. Mais da metade dessas ações poderiam resultar em pagamentos de até 60 salários mínimos, classificados como Requisições de Pequeno Valor (RPVs). O instituto estima que o impacto anual seria de R$ 210 milhões a R$ 420 milhões, totalizando um gasto de R$ 1,5 bilhão em dez anos, com um máximo de R$ 3,1 bilhões na pior das hipóteses.
Essas estimativas contrastam fortemente com as alegações do governo, que vê os custos como muito mais elevados. O resultado desse julgamento pode ter implicações significativas tanto para os aposentados quanto para as finanças públicas, influenciando o futuro das aposentadorias no Brasil.
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Protestos e reações
A decisão do STF em março gerou reações intensas entre os aposentados e defensores da revisão da vida toda. Em resposta à decisão, aposentados estão se mobilizando para protestar em favor da revisão. Uma manifestação está agendada para o próximo sábado (17), na Avenida Paulista, em São Paulo, com o objetivo de reunir ao menos mil aposentados. A mobilização é feita por meio das redes sociais e busca pressionar o STF a reconsiderar a decisão.
O Ieprev, que representa muitos desses aposentados, argumenta que a revisão da vida toda foi validada anteriormente pelo STF e que, portanto, as ações judiciais que já garantiram o direito à revisão deveriam continuar em vigor. Além disso, o instituto aponta que os juízes estavam seguindo a decisão do STF ao conceder as revisões, o que levanta questões sobre a justiça das decisões recentes e os custos associados às ações judiciais.
O acórdão de março declarou a constitucionalidade do artigo 3º da Lei 9.876/1999, afirmando que ele deve ser seguido de forma rígida pelos órgãos judiciais e pela administração pública. Esta decisão significa que a regra de transição deve ser aplicada sem exceções, o que afeta diretamente a possibilidade de aplicação da regra definitiva que considera todos os salários no cálculo da aposentadoria.
Imagem: Chokniti-Studio/shutterstock