O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) anunciou recentemente a reintrodução da exigência de perícia médica presencial para certos tipos de auxílio-doença.
Essa decisão surge em resposta ao aumento expressivo nos pedidos e nas concessões de benefícios realizados através do sistema digital Atestmed. Neste artigo, analisaremos as mudanças implementadas, suas implicações para os segurados e o cenário que levou a essa nova etapa nas políticas de concessão de benefícios.
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Entendendo o Contexto da Mudança
O Que É o Atestmed?
O Atestmed é uma plataforma digital que permitiu a muitos segurados solicitarem auxílio-doença sem a necessidade de realizar uma perícia médica presencial. Este sistema foi criado com a intenção de agilizar o processo de concessão e reduzir a demanda sobre o INSS, que enfrentava longas filas e prazos de espera. No entanto, o uso intensivo do Atestmed levou a preocupações sobre a adequação de algumas solicitações.
Aumento nas Concessões de Auxílio-Doença
Dados do Ministério da Previdência Social (MPS) indicam um aumento significativo nas concessões de auxílio-doença, especialmente entre aqueles com doenças osteomusculares. Entre outubro de 2023 e setembro de 2024, 62% dos pedidos aprovados referiam-se a casos de dorsalgias (dores nas costas). Esse panorama gerou a percepção de que o Atestmed poderia ter sido utilizado de forma excessiva ou inadequada em diversas situações.
O Que Muda Com a Retomada da Perícia Presencial?
Categorias de Segurados Impactadas
De acordo com Alessandro Stefanutto, presidente do INSS, a perícia médica presencial será obrigatória para as seguintes categorias:
- Segurados com doenças osteomusculares: Como, por exemplo, dores nas costas e lesões nas articulações.
- Desempregados em período de graça: Aqueles que mantêm o direito a benefícios mesmo sem contribuições.
- Segurados facultativos: Indivíduos que fazem contribuições voluntárias ao INSS.
Objetivos da Retomada da Perícia
A reintrodução da perícia médica presencial visa:
- Controlar Possíveis Abusos: O crescimento nos pedidos pode indicar comportamentos indevidos, e a perícia pode ajudar a reduzir esses abusos.
- Melhorar a Avaliação das Condições de Saúde: A perícia presencial possibilita uma análise mais minuciosa das condições dos segurados, resultando em decisões mais precisas.
- Reduzir os Gastos Públicos: Diante do aumento dos custos com concessões, o INSS busca maneiras de garantir a sustentabilidade financeira do sistema.
Análise das Informações
Crescimento nas Concessões
Estudos realizados pelo pesquisador Rogério Nagamine revelam que, em 2023, houve um aumento de 43,5% nas concessões de auxílio-doença relacionadas a doenças osteomusculares em comparação a 2022. Essa tendência acendeu um sinal de alerta para o governo, que se vê na necessidade de implementar medidas de controle.
Comparação entre Atestmed e Perícias Presenciais
Dados iniciais mostram que a média de tempo para concessão via Atestmed foi de 93,4 dias, enquanto nas perícias presenciais esse tempo foi de 82,77 dias. Esses dados sugerem que as avaliações presenciais podem resultar em um controle mais eficiente sobre as concessões de benefícios, assegurando uma análise mais rigorosa.
Implicações da Mudança
Para os Segurados
Os segurados que se encaixam nas novas exigências de perícia presencial devem se preparar para um processo que pode ser mais rigoroso e prolongado. Essa mudança gera incertezas, especialmente entre aqueles que dependem do auxílio-doença para sustento. É fundamental que esses segurados acompanhem as orientações do INSS e planejem seus agendamentos com antecedência.
Para o INSS
A reintrodução da perícia médica presencial permite que o INSS refine o processo de concessão, oferecendo um controle mais eficaz sobre os benefícios. Além disso, essa medida pode ajudar a mitigar custos associados a pagamentos retroativos, que têm se tornado uma preocupação crescente nas contas públicas.
Críticas e Desafios Enfrentados
Perspectivas de Especialistas
Críticos, incluindo a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), expressam preocupações sobre a eficácia do Atestmed desde sua implementação. O presidente da ANMP, Luis Argolo, argumenta que a utilização inadequada desse sistema pode ter levado a “dano exponencial” ao INSS, afetando tanto os segurados quanto a saúde financeira da instituição.
Necessidade de Ajustes Contínuos
Especialistas alertam que, para que a reintrodução da perícia médica presencial funcione adequadamente, o INSS precisará fazer ajustes constantes e avaliar a eficácia das novas diretrizes. Isso inclui não apenas a coleta de dados, mas também a consideração dos feedbacks dos segurados e dos profissionais de saúde envolvidos no processo.
Considerações Finais
O retorno da perícia médica presencial pelo INSS para determinados tipos de auxílio-doença é uma resposta a um cenário que se tornou insustentável com a utilização excessiva do sistema Atestmed. Embora essa mudança busque fortalecer o controle e reduzir abusos, também levanta questões sobre a eficácia do processo de avaliação e suas consequências para os segurados.
O acompanhamento atento da situação e uma abordagem equilibrada são essenciais para garantir que os direitos dos segurados sejam respeitados, ao mesmo tempo em que se busca uma gestão mais eficiente dos recursos públicos.
Perguntas Frequentes (FAQ)
- Quando as novas regras entram em vigor? A implementação das novas diretrizes está prevista para outubro de 2024, com detalhes finais ainda sendo discutidos.
- Todas as doenças necessitarão de perícia médica presencial? Não, a exigência se aplica apenas a doenças osteomusculares e algumas categorias específicas de segurados.
- O que os segurados devem fazer para solicitar o auxílio-doença? É importante que os segurados sigam as orientações do INSS e se preparem para agendar perícias conforme necessário.
- Como o INSS irá monitorar as mudanças? O INSS irá coletar dados e avaliar os resultados após a implementação das novas diretrizes, ajustando o processo conforme necessário.
- Há riscos de fraudes com a reintrodução da perícia? O INSS está ciente do potencial de abusos e está buscando implementar medidas para minimizar esse risco.
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