A escala de trabalho 6×1, que determina seis dias de trabalho seguidos por um dia de descanso, tem sido amplamente utilizada em diversos setores no Brasil, particularmente na indústria e no comércio. Recentemente, a proposta de acabar com esse regime de trabalho vem ganhando força, especialmente nas redes sociais, como parte de uma PEC apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) na Câmara dos Deputados. O objetivo da PEC é mudar o regime da escala 6×1 para uma jornada de 4 dias de trabalho com 3 dias de descanso (4×3), promovendo uma melhor qualidade de vida aos trabalhadores.
A origem da proposta: Movimento vida além do trabalho
O Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), liderado pelo vereador eleito Rick Azevedo (PSOL-RJ), é o principal idealizador da proposta de mudança na jornada de trabalho. Com uma campanha massiva, o movimento conseguiu reunir 1,3 milhão de assinaturas em apoio à petição online. A deputada Erika Hilton se uniu à causa e assumiu a frente na busca por apoio dentro do Congresso para avançar com a PEC.
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Justificativas para o fim da escala 6×1
Segundo Erika Hilton e outros apoiadores da proposta, a escala 6×1 é considerada desumana e impede que trabalhadores tenham uma vida equilibrada. Em uma de suas declarações, a deputada destacou:
“A escala 6×1 é uma prisão e é incompatível com a dignidade do trabalhador. Ela tira o direito ao convívio familiar, ao lazer e ao desenvolvimento profissional.”
Para a deputada, essa mudança ajudaria a promover não apenas o bem-estar, mas também a produtividade dos trabalhadores, alinhando-se a experiências internacionais e nacionais de empresas que já adotaram jornadas de trabalho reduzidas.
Como funciona a tramitação da PEC na Câmara dos Deputados?
A PEC de Erika Hilton ainda está em fase de angariação de assinaturas. Para ser oficialmente apresentada, são necessárias 171 assinaturas de deputados. Após alcançar esse número, o texto da PEC é enviado à Mesa Diretora da Câmara, que decide o encaminhamento à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para a análise inicial de admissibilidade. Se a CCJ aprovar, o texto segue para uma Comissão Especial, onde serão discutidas possíveis emendas.
Caso seja aprovada em todas as comissões, a PEC ainda precisa passar por votação no Plenário da Câmara em dois turnos, com o apoio de pelo menos três quintos dos deputados (308 votos). Em seguida, o texto segue para o Senado, onde passará por um processo semelhante.
A situação atual da Lei e Como a PEC pode alterá-la
Hoje, a Constituição Federal e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelecem uma jornada máxima de 44 horas semanais e oito horas diárias. Há também o direito ao repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos. A PEC propõe modificar essas regras para que os trabalhadores possam usufruir de mais dias de descanso, o que significa uma mudança histórica na legislação trabalhista, originalmente implantada durante o governo de Getúlio Vargas, em 1943.
O apoio popular e a mobilização nas redes sociais
Com o apoio de 1,3 milhão de assinaturas online, o movimento em prol do fim da escala 6×1 tem mobilizado uma ampla base popular, especialmente nas redes sociais. Erika Hilton tem usado seus perfis para destacar os benefícios da jornada 4×3 e para pressionar outros deputados a aderirem à proposta. Além disso, a pauta tem atraído a atenção de diversos setores da sociedade civil, como sindicatos e grupos de defesa dos direitos dos trabalhadores.
Impactos da mudança para empresas e trabalhadores
Benefícios para os trabalhadores
Se aprovada, a mudança para a escala 4×3 pode trazer diversos benefícios aos trabalhadores. Entre eles estão o aumento da qualidade de vida, a possibilidade de qualificação profissional e o fortalecimento do vínculo familiar e social. Isso também poderia ajudar a reduzir o estresse e o burnout, melhorando a saúde física e mental.
Desafios para as empresas
A adoção de uma escala 4×3, sem a redução de salários, pode representar um desafio para muitas empresas. Será necessário um planejamento mais detalhado e, em alguns casos, a contratação de mais profissionais para cobrir os turnos extras. Em setores que operam com horários estendidos, como o comércio e a indústria, a implementação dessa mudança poderá ter um impacto financeiro significativo.
Experiências de empresas com jornadas reduzidas
Algumas empresas brasileiras já testaram e aprovaram a jornada de trabalho reduzida, sem redução de salários. Estudos internacionais e experiências em países como a Islândia e o Japão também indicam que jornadas menores podem manter ou até aumentar a produtividade. No Brasil, algumas companhias já iniciaram testes, relatando impactos positivos na satisfação dos funcionários e na produtividade.
O futuro da jornada de trabalho no Brasil
A proposta de mudança da escala 6×1 para 4×3 reflete uma tendência global de flexibilização das jornadas de trabalho em busca de maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Independentemente do resultado da PEC, o debate sobre a escala de trabalho e a qualidade de vida dos trabalhadores está ganhando espaço, o que pode gerar novas iniciativas e pressões para atualizar as leis trabalhistas brasileiras.
Essa estrutura explora de forma clara e detalhada os aspectos envolvidos na proposta de fim da escala 6×1 e oferece uma visão abrangente das mudanças, desafios e potenciais impactos para trabalhadores e empregadores.