A partir desta terça-feira, 1º de abril de 2025, os microempreendedores individuais (MEIs) de todo o Brasil terão que se adequar a um conjunto de novas regras fiscais implementadas pela Receita Federal. As alterações afetam diretamente a emissão de notas fiscais eletrônicas (NF-e) e notas fiscais do consumidor eletrônicas (NFC-e), com o objetivo de aprimorar o controle tributário e facilitar a conformidade dos pequenos negócios ao regime do Simples Nacional.
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Alterações importantes: o que muda para o MEI
Entre as principais novidades estão a adoção de um novo Código de Regime Tributário (CRT) exclusivo para MEIs e a substituição do evento de “denegação” por “rejeição” nas notas fiscais, permitindo correções mais rápidas em caso de erros. A medida, que afeta diretamente mais de 15 milhões de MEIs no Brasil, exige atenção redobrada para evitar problemas com o fisco.
O novo CRT “4 – Simples Nacional – Microempreendedor Individual – MEI” será obrigatório em todas as emissões de NF-e e NFC-e. Essa medida busca diferenciar as operações realizadas por MEIs das demais empresas enquadradas no Simples Nacional, como microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP). Além disso, a atualização dos Códigos Fiscais de Operações e Prestações (CFOPs) traz uma lista renovada que os MEIs devem adotar, abrangendo desde vendas e devoluções até remessas interestaduais, o que reflete a diversidade de atividades desempenhadas por esses profissionais.
Nova abordagem para a rejeição de notas fiscais
Outro ponto relevante é a substituição da “denegação” pela “rejeição” nas notas fiscais. Anteriormente, uma nota denegada por erro tornava-se inutilizável, exigindo um processo mais complexo para correção. Agora, com a rejeição, o documento pode ser ajustado e reemitido de forma ágil, o que facilita a vida do MEI e reduz os transtornos causados por erros simples, como a digitação incorreta de dados.
Adequação ao novo CRT: o que o MEI precisa fazer
A implementação do novo CRT “4” e a adoção dos novos CFOPs exigem que os MEIs atualizem seus sistemas de emissão de notas fiscais. A mudança traz mais clareza e organização ao processo, permitindo que as transações realizadas pelos microempreendedores sejam registradas de forma mais eficiente. O CRT exclusivo para MEIs é essencial para facilitar a fiscalização e garantir que as atividades do pequeno negócio sejam devidamente registradas dentro do regime tributário correto.
Além disso, a atualização dos CFOPs proporciona uma maneira mais organizada de classificar as operações, seja para vendas, remessas ou devoluções. Os novos códigos foram adaptados para atender às necessidades específicas do MEI, como, por exemplo, o código 5.102 para vendas de mercadorias adquiridas e o 6.904 para remessas interestaduais. Essa reorganização também inclui códigos que permitem operações mais específicas, como as relacionadas ao comércio exterior ou ativo imobilizado.
Como a atualização dos CFOPs afeta o MEI
Os CFOPs são códigos fiscais que indicam a natureza das operações comerciais realizadas pelos MEIs. Com a atualização, a lista de CFOPs foi revisada para melhor atender às atividades desempenhadas pelos microempreendedores. Alguns dos principais códigos que devem ser utilizados a partir de abril de 2025 são:
- 1.202: Devolução de venda de mercadoria dentro do estado
- 5.102: Venda de mercadoria adquirida ou recebida de terceiros
- 6.202: Devolução de compra para comercialização em outro estado
- 6.904: Remessa para venda fora do estabelecimento em operações interestaduais
Esses códigos são essenciais para garantir que as transações comerciais sejam classificadas corretamente, o que facilita a fiscalização e evita problemas com o fisco.
Adaptação e preparação para o MEI
A adequação às novas regras pode ser desafiadora para alguns microempreendedores, especialmente aqueles que não têm muita familiaridade com a emissão de notas fiscais eletrônicas. A Receita Federal estima que cerca de 60% dos MEIs ativos no país utilizam a NF-e ou NFC-e regularmente, o que significa que a adaptação será necessária para uma grande parcela dos microempreendedores.
A substituição da “denegação” pela “rejeição” nas notas fiscais é uma das mudanças mais práticas e significativas. Agora, em caso de erro, o MEI pode corrigir e reenviar o documento fiscal sem maiores complicações. Essa mudança facilita a vida do microempreendedor, especialmente aqueles que lidam com uma grande quantidade de transações, como pequenos varejistas ou prestadores de serviços.
Consultoria e suporte durante a transição
Apesar da obrigatoriedade das mudanças, muitos MEIs ainda podem se sentir inseguros em relação à atualização de seus sistemas de emissão de notas fiscais. Muitos utilizam plataformas gratuitas, fornecidas por prefeituras ou pelo Portal do Empreendedor, que necessitarão de ajustes para refletir as novas regras. Portanto, é importante que os empreendedores verifiquem se seus sistemas estão alinhados antes de emitir documentos fiscais a partir de abril.
Consultar um contador ou buscar orientações no Sebrae são opções recomendadas, especialmente para aqueles que ainda têm dúvidas sobre como implementar as mudanças corretamente. A transição deve ser feita de forma cuidadosa, garantindo que todas as exigências fiscais sejam atendidas corretamente.
Benefícios das mudanças para o MEI
Embora a implementação das novas regras fiscais possa parecer desafiadora à primeira vista, elas trazem vantagens significativas a longo prazo. A padronização do CRT e dos CFOPs facilita a fiscalização, reduzindo as chances de erros fiscais e consequentes multas ou bloqueios no cadastro do MEI. Além disso, a substituição da “denegação” pela “rejeição” agiliza os processos de correção de documentos fiscais, permitindo que os MEIs se concentrem no crescimento de seus negócios.
Com mais de 15 milhões de microempreendedores no Brasil, a simplificação e modernização do sistema tributário são passos importantes para garantir a formalização dos negócios e o fortalecimento da economia nacional. A adoção dessas novas regras é uma maneira de otimizar a relação entre os MEIs e o fisco, oferecendo maior segurança fiscal e transparência nas operações.
Preparação para o futuro do MEI
As mudanças que entram em vigor em abril de 2025 são apenas o começo de um processo de modernização do sistema tributário para microempreendedores. Com a crescente formalização de pequenos negócios no Brasil, o governo tem demonstrado a intenção de ampliar o limite de faturamento e ajustar ainda mais as regras para tornar o regime do MEI mais flexível e acessível.
Enquanto isso, os MEIs devem estar atentos às novas exigências fiscais e se preparar para uma transição tranquila. A adequação às novas regras fiscais é essencial para garantir a conformidade tributária e aproveitar os benefícios da formalização, como acesso a crédito e aposentadoria pelo INSS.