Um estudo recente indica que 64% dos dependentes do Bolsa Família conseguiram deixar de depender do benefício após 14 anos de participação. Além disso, quase metade desses beneficiários conseguiu ingressar no mercado formal de trabalho, sugerindo que o programa contribui para a mobilidade social e a melhoria das condições de vida a longo prazo.
A pesquisa revelou que aproximadamente 45% dos beneficiários do Bolsa Família tiveram um emprego formal pelo menos uma vez entre 2015 e 2019. Embora a qualidade desses empregos não tenha sido detalhada, os dados sugerem um impacto positivo no crescimento social dos participantes.
Como foi realizada a pesquisa
A pesquisa foi conduzida por um grupo de especialistas do Instituto Mobilidade e Desenvolvimento Social (IMDS), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Eles analisaram a primeira geração a integrar o Bolsa Família, focando em crianças e adolescentes de 7 a 16 anos em 2005, e acompanharam seu desenvolvimento até 2019.
O estudo aponta que as exigências do programa, como a necessidade de matricular os dependentes na escola e manter as vacinas em dia, têm contribuído para esses resultados positivos. Essas condições promovem melhores níveis de saúde e educação, facilitando a inclusão no mercado de trabalho.
As desigualdades regionais e demográficas também foram destacadas na pesquisa. Dependentes de regiões mais ricas, como o Sul do Brasil, apresentaram quase o dobro de mobilidade social em comparação com aqueles do Norte. Além disso, homens, pessoas brancas e mais velhas mostraram níveis mais altos de crescimento social, evidenciando a necessidade de políticas mais direcionadas para combater a pobreza em regiões e grupos menos favorecidos.
Desafios e perspectivas futuras
Embora o estudo mostre que mais da metade dos dependentes superaram a necessidade do Bolsa Família, desafios ainda persistem. A qualidade do emprego e as desigualdades regionais permanecem questões importantes. Naercio Menezes, economista e professor do Insper, destaca que a melhoria dos resultados depende de uma educação pública de maior qualidade. Segundo ele, se a educação fosse mais eficaz, os resultados poderiam ser ainda mais impressionantes.
O futuro do Bolsa Família dependerá de uma combinação de políticas eficazes para reduzir as desigualdades e promover uma educação pública de qualidade.
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