Nos últimos anos, motoristas de aplicativos como Uber têm buscado maneiras de aumentar sua renda. Uma estratégia que vem ganhando popularidade é a venda de produtos dentro dos veículos. Essa prática, que inclui desde alimentos até cosméticos, promete ser uma fonte de lucro adicional, mas exige atenção para não comprometer a segurança e a experiência dos passageiros.
Mattheus Alencar é um exemplo de motorista que adotou essa prática. Após a pandemia afetar o negócio de maquiagem de sua esposa, Alencar aproveitou o estoque parado para criar uma “loja móvel” em seu carro. Ele relata que a recepção foi positiva: “Na minha terceira viagem, fiz uma venda de R$ 85,00 para duas passageiras”. Hoje, ele auxilia outros motoristas a implementarem estruturas similares, ressaltando que a venda de produtos como maquiagem e perfumes de bolsa é bem aceita pelo público feminino.
Experiências diversificadas de venda
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Outros motoristas também têm encontrado sucesso com essa estratégia. Wesley Milhomens, por exemplo, vende perfumes importados e produtos de skincare durante as corridas. Ele comenta que os passageiros costumam reagir com entusiasmo e que a prática tem complementado significativamente sua renda: “Hoje em dia, meu lucro maior é nas vendas; o aplicativo é mais para captar os clientes”.
Guilherme Rodrigues, por sua vez, encontrou uma oportunidade vendendo pipocas gourmet produzidas por sua esposa. Conhecido como “o Uber das pipocas”, ele destaca a aceitação positiva dos passageiros e o impacto na renda familiar: “A pipoca se tornou uma terceira renda familiar, com a qual podemos adquirir coisas que só o salário fixo não nos permitia”. Guilherme enfatiza a importância de respeitar os passageiros que não demonstram interesse pelos produtos.
Impacto na experiência do passageiro
A venda de produtos por motoristas de aplicativos pode proporcionar uma experiência diferenciada para os passageiros. Júlia Vianna, jornalista, relata uma experiência positiva ao encontrar uma motorista que vendia produtos discretamente no carro. Ela considera a prática válida, especialmente se os produtos forem úteis e não oferecidos de forma insistente.
Heitor Leite, estudante, também vê a prática de forma positiva, entendendo a necessidade dos motoristas de complementar sua renda. Ele destaca a praticidade de ter produtos disponíveis durante as corridas, embora ressalte a importância de verificar a segurança dos produtos antes da compra.
Plataformas e segurança
Plataformas como Uber e 99 têm explorado iniciativas para apoiar a venda de produtos por motoristas. Em 2019, a Uber firmou uma parceria com a Cargo para disponibilizar kits de lanches rápidos nos carros, mas a iniciativa não continuou no Brasil. Já a 99 lançou o 99Shop em 2023, permitindo que motoristas vendam produtos durante as corridas como parte do projeto DriverLAB.
Especialistas em segurança, como Thyrso Guilarducci, alertam para os riscos de distrações ao volante causadas pela venda de produtos. Ele sugere campanhas de conscientização para minimizar esses riscos, sem desestimular a prática que pode ser benéfica para o orçamento dos motoristas. Mauricio Rabelo, também especialista, reforça que as vendas não devem ocorrer durante a condução para garantir a segurança de todos os envolvidos.
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