O Ministério das Cidades está enfrentando um potencial adiamento no projeto de construção de 30 mil novas moradias do programa Minha Casa Minha Vida devido a um congelamento orçamentário previsto para 2024.
Essas moradias estão planejadas para municípios com até 50 mil habitantes, atendendo a famílias da faixa 1 do programa, cuja renda bruta familiar é de até R$ 2.640 mensais. O bloqueio orçamentário pode impactar significativamente o andamento do projeto, que já havia gerado grande expectativa.
Ministério das Cidades
A preocupação foi expressa pelo Ministério das Cidades em um ofício enviado ao Ministério do Planejamento e Orçamento, revelando a complexidade da situação e seus possíveis efeitos colaterais. A falta de recursos ameaça não apenas o início das obras, mas também a continuidade do processo seletivo, potencialmente gerando atritos com o Congresso Nacional, que considera a construção em municípios menores uma prioridade.
O governo havia aberto uma seleção inédita para propostas de construção de moradias em áreas urbanas menores, utilizando recursos do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS). Com mais de 200 mil unidades propostas, o programa visava suprir uma demanda habitacional reprimida. No entanto, o congelamento pode comprometer a execução desses projetos e afetar a implementação de políticas habitacionais essenciais.
Impacto do congelamento orçamentário
O congelamento orçamentário afetou o Ministério das Cidades com um bloqueio total de R$ 2,1 bilhões. Desses, R$ 1,1 bilhão corresponde a verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), enquanto R$ 849,6 milhões estão relacionados a despesas discricionárias. A classificação das despesas do FNHIS como discricionárias, e não como parte do PAC, as tornou suscetíveis ao congelamento, prejudicando a continuidade dos projetos habitacionais em municípios menores.
O impacto imediato do bloqueio orçamentário inclui a necessidade de suspensão da seleção para as novas moradias, o que pode resultar em atrasos significativos no cronograma previsto. O governo havia planejado selecionar projetos em agosto, iniciar as contratações em outubro e repassar os recursos até dezembro deste ano. Sem os fundos necessários, essas etapas terão que ser adiadas, prejudicando o planejamento das prefeituras e a execução das obras.
Além disso, o adiamento pode trazer complicações adicionais, como a possibilidade de novas administrações municipais não darem continuidade aos projetos aprovados. Com o ano de eleições municipais se aproximando, a falta de clareza sobre o financiamento pode resultar em uma perda de interesse por parte dos novos gestores, comprometendo a eficácia dos projetos habitacionais.
Perspectivas futuras e solicitação de revisão
O Ministério das Cidades solicitou ao Ministério do Planejamento e Orçamento uma revisão do bloqueio, especialmente em relação aos recursos destinados ao programa habitacional. Se o bloqueio não for revisado, a seleção das moradias poderá ser cancelada de forma definitiva. O congelamento representa uma contenção geral de R$ 15 bilhões, que afeta diversos ministérios, programas de infraestrutura e emendas parlamentares.
O plano inicial do governo incluía a seleção de 5.000 unidades para áreas de risco e assentamentos precários, com outras 25 mil unidades distribuídas entre estados e o Distrito Federal. A regulamentação do programa prevê repasses de até R$ 130 mil por unidade habitacional. A situação atual demanda uma solução urgente para garantir que as famílias beneficiadas pelo Minha Casa Minha Vida não sejam prejudicadas pela crise orçamentária.
Imagem: Dênio Simões/MDR