Neste mês de abril de 2025, o Brasil avançou significativamente na produção de medicamentos essenciais para pacientes com diabetes. O acordo anunciado pelo Ministério da Saúde marca a retomada da produção de insulina glargina no país, consolidando uma estratégia para garantir autonomia no setor de saúde e fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS). Com cerca de 20 milhões de pessoas diagnosticadas com diabetes no Brasil, essa iniciativa é crucial para assegurar acesso contínuo ao tratamento, especialmente em momentos de crise global de abastecimento.
Essa parceria estratégica foi firmada entre o Governo Federal, Fiocruz (Biomanguinhos), Biomm e a farmacêutica chinesa Gan&Lee. O projeto prevê inicialmente a entrega de 20 milhões de frascos de insulina glargina ainda em 2025, embalados no Brasil, enquanto se organiza a produção integralmente nacional nos próximos anos.
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Diabetes: um desafio crescente para o sistema de saúde
O diabetes mellitus representa um dos maiores desafios da saúde pública no Brasil, com prevalência de 10,2% da população, o que equivale a cerca de 20 milhões de pessoas. Essa condição crônica exige acompanhamento contínuo e acesso regular a medicamentos, como a insulina, para prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
O SUS já fornece gratuitamente diferentes tipos de insulina, incluindo as análogas de ação rápida e prolongada, essenciais para o controle glicêmico. No entanto, a dependência de importações tem sido uma vulnerabilidade histórica, o que torna a produção nacional ainda mais relevante.
A parceria para o desenvolvimento produtivo: etapas e objetivos
A produção de insulina glargina no Brasil será realizada por meio de uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), que inclui a transferência de tecnologia da farmacêutica Gan&Lee para Fiocruz. A estratégia está dividida em etapas:
- Envase e embalagem: Em um primeiro momento, a insulina será embalada na fábrica da Biomm, localizada em Nova Lima, Minas Gerais.
- Produção nacional: Com a transferência de tecnologia, o Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) será produzido na planta da Fiocruz em Eusébio, Ceará, garantindo um produto 100% nacional.
Investimentos robustos para uma estrutura sustentável
O projeto recebeu mais de R$ 930 milhões em investimentos, provenientes do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Esses recursos estão sendo utilizados para construir a planta da Fiocruz, adquirir tecnologias avançadas e garantir a cadeia produtiva completa. A expectativa é que a fábrica seja pioneira na produção de insulina na América Latina e tenha capacidade de atender à demanda nacional e regional.
Além dos benefícios diretos para o SUS, o projeto reforça o desenvolvimento econômico na região Nordeste, que não é tradicionalmente um polo farmacêutico. Isso significa a criação de novos empregos, maior competitividade e estímulo à inovação tecnológica.
Fiocruz: pioneira na produção de insumos estratégicos
A Fiocruz, uma das instituições mais renomadas na área de saúde pública no Brasil, desempenha um papel essencial na transferência de tecnologia e na produção de medicamentos para o SUS. Com a nova planta em Eusébio, a fundação reforça seu compromisso com a equidade no acesso à saúde e com a sustentabilidade do sistema público.
Essa unidade será capaz de produzir até 70 milhões de unidades anuais de insulina glargina até 2033, consolidando sua posição como referência na produção de medicamentos na América Latina.
Insulina glargina: um medicamento indispensável
A insulina glargina é amplamente utilizada no tratamento do diabetes tipo 1 e tipo 2 por sua ação prolongada, que oferece estabilidade glicêmica ao longo do dia. Seus benefícios incluem:
- Redução de episódios de hipoglicemia.
- Facilidade de administração e adaptação ao cotidiano dos pacientes.
- Melhor controle dos níveis de glicose, promovendo saúde a longo prazo.
Com a produção nacional, espera-se que mais pacientes possam ter acesso a essa terapia moderna e eficaz.
Impactos socioeconômicos da produção nacional
Além dos benefícios para a saúde pública, a produção de insulina no Brasil terá impactos econômicos e sociais relevantes:
- Autossuficiência: O Brasil reduzirá sua dependência de importações, tornando-se mais resiliente a crises internacionais.
- Geração de empregos: A construção e operação da planta da Fiocruz criarão oportunidades no setor farmacêutico.
- Fortalecimento do SUS: Menores custos e maior segurança no abastecimento beneficiarão o sistema público como um todo.
Esse projeto é um exemplo de como políticas públicas bem estruturadas podem transformar a realidade de milhões de brasileiros.
Um marco para saúde e soberania nacional
A produção nacional de insulina glargina representa um avanço histórico para o Brasil. O acordo firmado entre o Governo Federal e seus parceiros estabelece uma base sólida para enfrentar os desafios da saúde pública e garantir que milhões de brasileiros tenham acesso a tratamentos essenciais.
Com investimentos significativos e planejamento estratégico, o Brasil está construindo um sistema de saúde mais autônomo e sustentável. Este é um marco que transcende a saúde – é uma conquista para toda a sociedade brasileira e um exemplo de como inovação e compromisso podem transformar vidas.