O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com o presidente Lula para discutir um pacote de corte de gastos do governo, que pode variar entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões. A expectativa é que o anúncio ocorra ainda esta semana, visando reduzir despesas e restaurar a confiança do mercado.
Estão em debate ajustes em programas como o seguro-desemprego e o Fundeb, embora o presidente tenha vetado mudanças em benefícios permanentes e reajustes reais no salário mínimo.
Crítica à Abordagem Conjuntural
O economista VanDyck Silveira critica a estratégia de cortes pontuais, argumentando que isso não será suficiente para garantir a estabilidade econômica a longo prazo. “Não precisamos de um equilíbrio fiscal que faça um aceno para a Faria Lima, que é algo de momento”, afirmou Silveira.
Ele defende que, ao invés de cortes temporários, é essencial uma reestruturação completa do gasto público. “Cortar 20, 25 ou 30 bilhões não resolve. Precisamos eliminar o conceito de ‘dinheiro carimbado’ e desenvolver um orçamento que reflita as reais necessidades do país”, completou.
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O Peso dos Gastos com Educação e Benefícios Fiscais
Silveira questiona o aumento dos gastos em setores que não refletem as mudanças demográficas. “Como justificar o aumento dos gastos com educação, sendo que temos menos crianças nascendo? Além disso, alocamos quase R$ 70 bilhões anualmente para universidades públicas, que beneficiam principalmente pessoas que terão ganhos privados acima da média da população.”
Para o economista, a falta de análise de custo-benefício é uma falha recorrente na gestão pública. “O Brasil gasta R$ 600 bilhões em benefícios fiscais, mas onde estão os estudos que comprovam o impacto positivo desses gastos? Precisamos saber quantos empregos e impostos são realmente gerados por esses incentivos.”
De acordo com Silveira, a solução para os desafios econômicos do Brasil exige mais do que cortes. “O país precisa de uma reforma profunda dos gastos e uma reforma tributária, acompanhada, necessariamente, de uma reforma do Estado.” Ele enfatiza que a falta de vontade política tem dificultado mudanças significativas e que a sustentabilidade econômica só será alcançada com uma abordagem estruturante e de longo prazo.
Imagem: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil