A cada ano, os fraudadores encontram novas maneiras de enganar os cidadãos e acessar suas contas bancárias, colocando em risco o sistema financeiro e a segurança dos clientes. Entre os golpes mais inovadores, o golpe da selfie tem se destacado como uma ameaça crescente, driblando sistemas de segurança com o uso de tecnologia de reconhecimento facial.
Este método está ganhando notoriedade por sua capacidade de enganar tanto os bancos quanto os correntistas, levantando preocupações sobre a vulnerabilidade dos sistemas bancários no ambiente digital.
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O golpe da selfie: como funciona
O golpe da selfie é uma fraude digital que explora a confiança que muitas pessoas têm nas tecnologias de reconhecimento facial, usadas por bancos para autenticar transações. Os criminosos começam obtendo informações pessoais das vítimas, seja por meio de vazamentos de dados, engenharia social, ou simplesmente aproveitando-se de dados públicos disponíveis na internet.
Após ter acesso a essas informações, os golpistas entram em contato com as vítimas, geralmente através de e-mails ou mensagens em redes sociais, oferecendo benefícios ou prêmios falsos.
Para que a vítima possa “validar” sua participação, é solicitado que ela tire uma selfie, acreditando que é parte de um processo legítimo. No entanto, a foto tirada é utilizada de forma ilícita para acessar a conta bancária da pessoa, geralmente com a ajuda de softwares que “enganam” o sistema de reconhecimento facial.
A preocupação da Febraban com o crescimento das fraudes
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a crescente utilização de biometria facial, que tem se mostrado uma ferramenta importante para melhorar a segurança bancária, também trouxe desafios imprevistos.
Embora o uso de sistemas biométricos, como reconhecimento facial e impressão digital, tenha como objetivo garantir que a pessoa que acessa a conta seja a titular, os golpistas têm se adaptado rapidamente a essas tecnologias. Isso torna ainda mais difícil detectar fraudes antes que as vítimas sofram prejuízos.
O papel dos bancos na proteção contra fraudes
Diante da ascensão de golpes como o da selfie, os bancos estão investindo fortemente em soluções de segurança avançadas. A implementação de sistemas de verificação em várias etapas, conhecidos como autenticação multifatorial, é uma das principais estratégias para mitigar esse tipo de fraude. Esses sistemas exigem mais do que apenas uma selfie ou uma senha, como a combinação de reconhecimento facial com outros dados biométricos, como a impressão digital ou a análise de comportamento do usuário.
Além disso, as instituições financeiras estão trabalhando em parceria com o governo e outras organizações internacionais para fortalecer as legislações relacionadas à cibersegurança. A integração de sistemas de compartilhamento de informações entre bancos e autoridades, como as forças de segurança pública, também tem sido uma medida importante para rastrear e impedir a ação de golpistas.
Como os correntistas podem se proteger
A responsabilidade pela proteção contra fraudes digitais é compartilhada entre as instituições financeiras e os próprios correntistas. A Febraban recomenda que os usuários de serviços bancários adotem algumas práticas essenciais para se proteger, como:
- Verificação de fontes antes de clicar: Nunca clique em links ou abra anexos em e-mails ou mensagens de texto de remetentes desconhecidos;
- Evite compartilhar informações pessoais: Não forneça senhas, dados bancários ou documentos pessoais por telefone ou mensagens não solicitadas;
- Autenticação de dois fatores: Sempre que possível, ative a autenticação de dois fatores (2FA) nas suas contas bancárias e redes sociais;
- Cuidado com as redes sociais: Limite a quantidade de informações pessoais compartilhadas em redes sociais, já que os golpistas podem usá-las para coletar dados e enganar as vítimas;
- Desconfie de ofertas tentadoras: Desconfie de prêmios, ofertas ou promoções que exigem que você forneça uma selfie ou outros dados pessoais.
O desafio das leis e investigações no combate ao golpe
Apesar dos esforços de bancos e autoridades, o combate ao golpe da selfie e a fraudes bancárias digitais ainda enfrenta muitos desafios, especialmente quando se trata da rapidez com que os golpistas se adaptam às novas tecnologias. A dificuldade de tipificar e processar crimes virtuais é um dos principais obstáculos enfrentados pelas forças de segurança.
Adicionalmente, os criminosos digitais conseguem operar com uma grande facilidade e anonimato, o que dificulta as investigações e a prisão de responsáveis. A falta de uma legislação mais rígida e de protocolos rápidos para atuação das autoridades também contribui para a perpetuação das fraudes.
A importância da colaboração internacional
Com a globalização do crime cibernético, é imprescindível que os esforços para combater fraudes como o golpe da selfie envolvam colaboração internacional. O Ministério da Justiça e Segurança Pública, juntamente com a Febraban, está promovendo acordos com organismos internacionais, como a Europol, para melhorar o compartilhamento de informações sobre crimes digitais.
Essa integração é vista como uma forma eficaz de enfrentar os golpistas que operam sem fronteiras físicas, transferindo recursos ilícitos para outros países.