O Movimento Vida Além do Trabalho (VAT) é uma iniciativa encabeçada pelo influenciador digital e vereador Rick Azevedo, que defende o fim da jornada de trabalho 6×1, onde o trabalhador cumpre seis dias seguidos de trabalho e tem apenas um de descanso. Criado em setembro de 2023, o movimento rapidamente se popularizou nas redes sociais, atraindo milhões de brasileiros que apoiam a ideia de uma jornada mais equilibrada e menos exaustiva.
A proposta ganhou força quando a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) abraçou a causa e começou a mobilizar apoio no Congresso Nacional. O objetivo é alterar a Constituição para reduzir a jornada de trabalho semanal de 44 para 36 horas, distribuídas em quatro dias de trabalho, resultando numa escala 4×3 (quatro dias de trabalho e três de folga), sem diminuição de salário.
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A influência de Rick Azevedo e o impacto nas redes sociais
Rick Azevedo, tiktoker e vereador, utilizou as redes sociais para compartilhar relatos e opiniões sobre a escala 6×1, apontando seus efeitos negativos para a saúde mental e física dos trabalhadores. A campanha viralizou e reuniu rapidamente mais de 1,4 milhão de assinaturas em um abaixo-assinado. Esse apoio massivo levou a causa ao Congresso e despertou a atenção de políticos como Erika Hilton, que já conseguiu aproximadamente 90 assinaturas no projeto para levar a discussão adiante.
A proposta de redução da jornada de trabalho
A proposta de Erika Hilton visa alterar o artigo 7º da Constituição Brasileira, buscando uma redução oficial da carga horária semanal de 44 para 36 horas. O projeto propõe uma jornada semanal mais curta e um descanso prolongado, com quatro dias de trabalho e três de folga, sem prejuízo aos rendimentos dos trabalhadores. A justificativa se baseia em um movimento global por jornadas de trabalho mais flexíveis, com foco na qualidade de vida e bem-estar dos profissionais.
Argumentos a favor
O Movimento VAT defende que a escala 6×1 não só compromete a saúde física e mental dos trabalhadores, mas também afeta a produtividade e impede uma melhor qualificação da mão-de-obra no Brasil. Segundo Erika Hilton, a mudança para a escala 4×3 traria inúmeros benefícios, como:
- Melhora da saúde física e mental: Menos dias trabalhados e mais folgas ajudam na recuperação do corpo e da mente, reduzindo o estresse e a exaustão.
- Aumento da produtividade: Jornadas de trabalho menores e mais focadas podem elevar a produtividade dos trabalhadores.
- Benefícios à economia: Aumento no turismo interno, mais tempo livre para a população, o que pode aquecer o consumo.
Desafios e obstáculos para a aprovação
Por ser uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a mudança exige o apoio de pelo menos 171 dos 513 deputados federais para iniciar sua tramitação. Até agora, apenas cerca de 90 assinaturas foram obtidas. Caso Erika Hilton não consiga o número necessário de assinaturas, o projeto ficará estagnado, sem possibilidade de discussão formal no Congresso.
Além disso, a proposta enfrenta resistência de setores que acreditam que a escala 6×1 é fundamental para a economia. Argumentos contrários alegam que a mudança pode comprometer setores que operam em regime contínuo, como a indústria e o comércio, onde uma folga adicional poderia prejudicar o atendimento e a produção.
Por que a escala 6×1 é vista como prejudicial?
A escala de trabalho 6×1 foi estabelecida com a CLT, criada há mais de 80 anos, em um contexto de economia e condições de trabalho muito diferentes das atuais. A vida moderna, com suas demandas digitais e ritmo acelerado, exige uma reflexão sobre a adequação das jornadas de trabalho tradicionais. Muitos trabalhadores relatam que a escala 6×1 compromete sua saúde e reduz seu tempo de convivência familiar e de lazer.
Impactos na qualidade de vida
Segundo o Movimento VAT, a escala 6×1 gera efeitos negativos como:
- Exaustão e estresse: Longos períodos de trabalho contínuo são apontados como causadores de esgotamento físico e mental.
- Relações familiares afetadas: Com um único dia de folga, muitos trabalhadores perdem momentos importantes com familiares e amigos.
- Saúde comprometida: O pouco tempo de descanso não permite uma recuperação adequada, afetando a saúde dos trabalhadores.
O movimento VAT como reflexo de mudanças globais
A proposta de redução de jornada não é uma iniciativa exclusiva do Brasil. Ao redor do mundo, países como Islândia, Nova Zelândia e Japão vêm experimentando jornadas mais curtas e têm obtido resultados positivos em produtividade e bem-estar dos trabalhadores. Esses modelos têm inspirado movimentos como o VAT, que acredita que o Brasil também poderia colher benefícios significativos ao adotar uma jornada mais curta.
Os próximos passos do movimento VAT
Com o apoio da população e o respaldo de políticos como Erika Hilton, o Movimento VAT segue lutando pela assinatura das 171 assinaturas necessárias para a tramitação da proposta. Paralelamente, o movimento continua a angariar apoio nas redes sociais, com campanhas e vídeos que incentivam os trabalhadores a participarem do debate.
Se a PEC for protocolada, a tramitação no Congresso ainda terá um longo caminho, incluindo a formação de comissões, audiências e votações em dois turnos na Câmara e no Senado. Contudo, o crescimento do apoio popular e a discussão sobre as condições de trabalho no Brasil podem, no mínimo, trazer uma reflexão importante sobre a necessidade de adaptar as leis trabalhistas aos desafios da modernidade.
O Movimento VAT pode ser o primeiro passo em direção a uma nova realidade trabalhista no Brasil, onde o equilíbrio entre vida profissional e pessoal seja finalmente respeitado. A trajetória do movimento, liderado por Rick Azevedo e agora apoiado por Erika Hilton, ainda está no início, mas a pressão popular sugere que essa discussão veio para ficar.