A carreira de Analista em Tecnologia da Informação (ATI) no governo federal atravessa uma crise sem precedentes, que já afeta diretamente a continuidade dos serviços públicos essenciais e a transformação digital no país. Com uma alta taxa de desistência em concursos e uma grande escassez de profissionais qualificados, a situação se agrava a cada dia. A Anati (Associação Nacional dos Analistas em Tecnologia da Informação) cobra medidas urgentes, como reajustes salariais e reestruturação da carreira.
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Desistências em concursos e queda no interesse
O interesse pela carreira de ATI no governo federal tem diminuído, o que pode ser observado nos dados do Concurso Público Nacional Unificado (CNU). Entre as 300 vagas oferecidas, apenas 209 candidatos se matricularam no curso de formação, enquanto 215 desistiram ao longo do processo seletivo. A Anati alerta que essa evasão de mais de 50% coloca em risco a continuidade de sistemas digitais fundamentais, como o Meu INSS e o Crédito do Trabalhador, que dependem da atuação de ATIs qualificados.
Sistemas em risco devido à escassez de profissionais
A escassez de profissionais na área de TI no setor público compromete diretamente a manutenção e o desenvolvimento de sistemas essenciais para a população. O impacto da falta de Analistas em TI pode afetar sistemas como o Meu INSS, o pagamento de benefícios sociais e outros serviços digitais que são vitais para os cidadãos. A falta de investimentos na carreira e a migração de profissionais para o setor privado estão levando à sobrecarga dos poucos servidores disponíveis.
Impacto da tecnologia na economia pública
A digitalização dos serviços públicos trouxe uma economia de cerca de R$ 4,5 bilhões anuais para o governo federal, mas esse avanço está ameaçado pela falta de atratividade da carreira de ATI. Segundo a Anati, a escassez de profissionais qualificados pode resultar em retrocessos na transformação digital do governo, o que afetaria diretamente a economia pública e a eficiência dos serviços oferecidos.
Anati cobra reajuste e reestruturação da carreira de ATI
A Anati tem pressionado o governo federal para que sejam tomadas medidas urgentes em relação à valorização da carreira de ATI. Uma das principais reivindicações é a aprovação da Emenda 316 à Medida Provisória 1.286/2024, que prevê um reajuste salarial médio de 80%. Os analistas em TI pedem uma reestruturação da carreira para corrigir a defasagem salarial em relação ao mercado, que varia de 24% a 170%, dependendo da área de atuação.
Posicionamento do governo: reestruturação já foi iniciada
Em resposta às cobranças da Anati e das entidades representativas dos ATIs, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) anunciou que já iniciou um processo de reestruturação da carreira. Em uma nota oficial, o MGI destacou que um acordo foi assinado em novembro de 2023 com as entidades representativas, visando a transformação da remuneração para o modelo de subsídio, com reajustes previstos para 2024, 2025 e 2026.
Reajuste salarial acordado
O reajuste salarial acordado com o governo federal prevê um aumento de 61% até 2026. O salário inicial para a carreira de ATI passaria de R$ 11.100 para R$ 19.900 em 2024, com o teto da carreira aumentando de R$ 19.800 para R$ 32.600 até 2026. A medida foi considerada um passo importante, mas ainda assim, os analistas em TI alertam que o setor precisa de mais investimentos para atrair e reter profissionais qualificados.
Análise: colapso pode comprometer serviços essenciais
Se a crise na carreira de ATI não for resolvida de forma urgente, o Brasil corre o risco de comprometer serviços públicos essenciais. A falta de Analistas em TI qualificados pode levar a interrupções nos serviços digitais, vazamentos de dados sensíveis e dificuldades na integração de sistemas importantes para o funcionamento do governo. Isso afetaria diretamente a eficiência da máquina pública e a segurança dos dados dos cidadãos.
Conclusão: a valorização da TI é urgente
A crise na carreira de Analista em Tecnologia da Informação é um reflexo de anos de negligência por parte do governo em relação à valorização dos profissionais de TI. Para que a transformação digital no Brasil seja sustentada, é fundamental que o governo invista na atração e retenção de talentos na área. A reabertura da mesa de negociações, com foco em reajustes salariais e reconhecimento técnico, é uma medida urgente para evitar o colapso dessa importante carreira.
Em um mundo cada vez mais digital, não há Estado moderno sem tecnologia de ponta e profissionais altamente capacitados e valorizados. A crise dos ATIs é um alerta de que, sem uma mudança de atitude, o Brasil poderá enfrentar sérios retrocessos na transformação digital.