A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou uma operação para desarticular um grupo criminoso suspeito de aplicar o chamado “golpe dos nudes”. Os investigados se passavam pelo chefe da corporação, delegado Fernando Sodré, para extorquir vítimas. A ofensiva policial ocorreu na Região Metropolitana e no Vale do Sinos, resultando na prisão de seis pessoas.
O esquema funcionava por meio de perfis falsos criados em aplicativos de mensagens, onde criminosos se faziam passar por autoridades policiais. A investigação identificou um caso específico em que a identidade do delegado foi utilizada para chantagear um jovem de 22 anos, residente de Canoas, que perdeu cerca de R$ 50 mil para os fraudadores.
Além disso, há indícios de que o grupo tenha aplicado o golpe em outras vítimas, movimentando mais de R$ 2,5 milhões nos últimos dois anos. Os mandados de prisão e apreensão foram cumpridos em municípios do Rio Grande do Sul, incluindo São Leopoldo, Novo Hamburgo e Sapucaia do Sul. Paralelamente, buscas foram realizadas dentro da Penitenciária Estadual de Canoas (Pecan), onde os líderes do esquema estão detidos.
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A mecânica do golpe dos nudes

O golpe dos nudes segue um padrão já identificado em outras investigações sobre crimes cibernéticos. A ação criminosa começa quando um dos golpistas, se passando por uma jovem atraente, inicia contato com a vítima por redes sociais ou aplicativos de mensagens. O objetivo é criar uma interação íntima, levando a vítima a enviar fotos e mensagens de teor sexual.
Em seguida, um segundo golpista entra em cena, fingindo ser o pai da suposta jovem. Ele alega que a filha é menor de idade e ameaça denunciar a vítima por pedofilia. Para tornar a fraude ainda mais convincente, um terceiro criminoso assume o papel de delegado de polícia, simulando uma investigação em andamento.
A saber, criminosos criam um cenário de terror psicológico, levando a vítima ao desespero. Para evitar uma falsa prisão, muitos acabam transferindo grandes quantias de dinheiro aos estelionatários, explicou o delegado Cristiano Reschke, diretor da Delegacia Regional de Canoas.
Uso da identidade de um delegado para aumentar a pressão sobre as vítimas
O diferencial desse esquema criminoso foi o uso da identidade do chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Sodré, para dar credibilidade à farsa. Os criminosos utilizaram a foto do policial em um perfil falso para convencer as vítimas de que estavam sendo investigadas oficialmente.
A tática aumentou a pressão psicológica sobre os alvos da fraude, que, temendo consequências legais, acabavam cedendo às exigências financeiras do grupo. “A utilização do nome de um delegado conhecido faz com que a vítima acredite que está diante de um caso real, tornando a extorsão ainda mais eficaz”, destacou Reschke.
A investigação revelou que os criminosos faziam uso de diversas estratégias para enganar suas vítimas, alterando abordagens conforme a reação dos alvos. No caso do jovem de Canoas, o golpe foi aplicado no ano passado, e há suspeitas de que outras pessoas tenham sido prejudicadas da mesma forma.
Operação prende suspeitos e busca desmantelar rede criminosa
A operação policial teve como objetivo não apenas prender os envolvidos, mas também apreender materiais utilizados para a prática dos crimes, incluindo celulares e documentos falsificados. As ordens judiciais cumpridas incluíram seis mandados de prisão temporária e diversos mandados de busca e apreensão.
As ações ocorreram em municípios estratégicos, onde a quadrilha atuava, além de dentro da Penitenciária Estadual de Canoas, indicando que o golpe era articulado até mesmo por detentos.
Além das prisões já efetuadas, a Polícia Civil investiga outros suspeitos que podem ter envolvimento com o esquema. O objetivo agora é identificar novas vítimas e rastrear os valores extorquidos para tentar reverter parte dos prejuízos causados pelos criminosos.
Crimes digitais e os desafios da segurança cibernética

O golpe dos nudes é apenas um exemplo de como criminosos utilizam a internet para praticar extorsões e fraudes. Com o avanço das tecnologias e o aumento da interação online, golpes desse tipo têm se tornado mais sofisticados, exigindo das autoridades um trabalho contínuo para combatê-los.
A orientação da Polícia Civil é que vítimas desse tipo de crime denunciem imediatamente, evitando realizar pagamentos ou transferências financeiras. Ademais, é essencial que os usuários fiquem atentos a abordagens suspeitas em redes sociais e aplicativos de mensagens.
A investigação segue em andamento para identificar outras vítimas e aprofundar as conexões do grupo criminoso. A expectativa é que novas prisões possam ocorrer nos próximos dias, garantindo que os responsáveis pelo esquema sejam devidamente punidos.
Com informações de: Correio do Povo



