O programa Celular Seguro, desenvolvido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, visa combater o crescente problema de roubos e furtos de celulares no Brasil. Em 2023, o país registrou quase 937.300 ocorrências de roubo e furto de aparelhos, o que corresponde a cerca de dois celulares a cada minuto. Uma pesquisa recente da Datafolha revelou que aproximadamente 10% dos brasileiros foram vítimas desses crimes no último ano, afetando cerca de 14,7 milhões de pessoas.
Para enfrentar esse desafio, o governo está ampliando a tecnologia do programa Celular Seguro. A nova fase do programa não apenas busca recuperar aparelhos roubados, mas também pretende identificar os receptadores desses dispositivos. A expansão do projeto segue o modelo bem-sucedido implementado no estado do Piauí, conhecido como Cell Guard, que demonstrou resultados positivos na redução de crimes e na recuperação de celulares.
Além da recuperação de aparelhos, o programa ampliado também foca na prevenção de golpes financeiros relacionados a dispositivos roubados. Usuários podem, por meio de plataformas digitais, bloquear rapidamente seus aparelhos, linhas telefônicas e aplicativos bancários em caso de furto ou roubo, proporcionando uma camada adicional de proteção contra crimes cibernéticos.
Expansão e Tecnologias do Programa
A atualização mais recente do Celular Seguro inclui um esforço significativo para melhorar a recuperação de aparelhos roubados. Uma das principais inovações é a integração dos dados de roubos e furtos com bancos de dados estaduais, o que facilitará a identificação e recuperação de celulares. O modelo de sucesso do Piauí, que reduziu os crimes em 42% e aumentou a recuperação de celulares em 311%, serve como base para a expansão nacional do programa.
O delegado Matheus Zanatta, coordenador do programa no Piauí, destacou que a integração de dados entre diferentes estados representa um dos maiores desafios. A criação de uma plataforma unificada para 11 estados brasileiros exigirá esforços substanciais para garantir que todos os dados estejam sincronizados e acessíveis às autoridades competentes. O objetivo é criar um sistema robusto que facilite a recuperação de dispositivos e desencoraje a prática de receptação.
Além disso, a proteção ampliada do programa inclui medidas para prevenir golpes financeiros, garantindo que as informações dos aparelhos roubados sejam usadas para proteger os usuários contra fraudes. A integração de tecnologias e a colaboração entre estados visam fortalecer a segurança e proporcionar uma resposta mais eficaz aos crimes de roubo e furto de celulares.
Receptadores e Processos de Intimação
Uma parte fundamental do programa expandido é a identificação de receptadores de aparelhos roubados. Quando um celular é registrado como furtado ou roubado, os receptadores, ou seja, os indivíduos que possuem esses aparelhos, são notificados via WhatsApp para comparecer à delegacia local. Se não conseguirem apresentar a nota fiscal do aparelho, devem entregá-lo às autoridades, que o devolverão aos legítimos proprietários.
Os resultados iniciais são bastante encorajadores. Desde a implementação do protocolo no Piauí, houve uma redução de aproximadamente 50% nos roubos e furtos de celulares na capital Teresina. Além disso, cerca de oito mil celulares foram devolvidos aos seus proprietários em um período de seis meses. Esses dados demonstram a eficácia do programa e reforçam a importância da ampliação para outras regiões do país.
O programa Celular Seguro representa um avanço significativo na luta contra roubos e furtos de celulares no Brasil. A combinação de tecnologia avançada, integração de dados e medidas de prevenção a golpes financeiros contribui para uma abordagem mais eficiente e abrangente na proteção dos cidadãos e na recuperação de seus dispositivos.
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