Em 2024, o Brasil experimentou uma melhoria significativa na sua classificação de risco para empresas, conforme estudo realizado pela Allianz Trade. O país, que estava na posição B3, foi elevado para B2, o que reflete um cenário de risco médio. A melhoria foi impulsionada por diversos fatores, como o robusto desempenho agrícola, o crescimento da produção de energia e indicadores econômicos positivos, como o aquecimento do mercado de trabalho e o aumento das despesas do consumidor. No entanto, ainda existem desafios, como a alta dívida pública e a dependência dos preços internacionais de commodities, que impactam a confiança dos investidores.
Esse avanço na classificação de risco é importante, pois tem implicações diretas para as empresas que operam no Brasil, especialmente as que buscam expandir suas operações e atrair novos investimentos. O estudo realizado pela Allianz Trade traz uma visão detalhada do cenário atual, apontando tanto os avanços quanto os desafios enfrentados pelo Brasil. A reclassificação positiva, no entanto, pode ser facilmente revertida caso as condições geopolíticas e financeiras do cenário global se deteriorem nos próximos anos, como alerta a CEO da companhia, Aylin Somersan Coqui.
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Risco Brasil: Como a classificação de risco impacta as empresas?
A classificação de risco para empresas de um país, como a que é feita pelo Atlas Mundial de Risco-País, influencia diretamente a forma como investidores e empresas internacionais percebem aquele mercado. Uma classificação de risco mais baixa, como a B2 que o Brasil agora ostenta, significa que as empresas podem ter mais facilidade em acessar crédito e obter financiamento a custos mais baixos. Além disso, uma melhora na classificação pode atrair novos investidores, que têm maior confiança na economia local, e pode abrir portas para mais parcerias e investimentos internacionais.
Por outro lado, uma classificação de risco elevada, como a B3 anterior, pode resultar em custos financeiros mais altos e uma percepção de maior instabilidade no mercado. Isso pode desestimular investimentos estrangeiros e limitar as opções de financiamento para empresas locais, que enfrentam dificuldades para crescer e expandir seus negócios.
Fatores que contribuíram para a melhoria na classificação do Brasil
O estudo da Allianz Trade destaca vários fatores positivos que contribuíram para a melhora na classificação de risco do Brasil. Um dos principais aspectos mencionados foi a dominância econômica do Brasil na região da América Latina, que tem permitido ao país se destacar mesmo em um cenário global de incertezas econômicas. Além disso, o desempenho agrícola do Brasil, que é um dos maiores produtores de commodities do mundo, teve um impacto significativo no crescimento econômico. O país também experimentou um aumento na produção de energia, o que contribui para a estabilidade do setor e melhora as perspectivas de crescimento no longo prazo.
Outro fator importante foi o fortalecimento do mercado de trabalho, com uma taxa de desemprego em queda e uma aumento do consumo pela população, o que impulsionou a economia. Esses indicadores ajudam a garantir uma maior confiança na capacidade do Brasil de gerar crescimento sustentável, o que impacta diretamente a percepção de risco por parte dos investidores.
Desafios ainda presentes no Brasil
Apesar da melhora na classificação, o Brasil ainda enfrenta desafios econômicos significativos que podem impactar a estabilidade do país. Um dos principais fatores que afeta a classificação de risco é a dívida pública, que continua em alta e se aproxima de 90% do PIB. Esse crescimento da dívida, aliado a condições de financiamento mais rígidas, pode criar pressões fiscais no futuro, o que afeta negativamente a confiança dos investidores.
Além disso, o Brasil continua a depender dos preços internacionais de commodities, o que o torna vulnerável a flutuações no mercado global. As incertezas relacionadas à inflação e ao câmbio volátil também são fatores que comprometem a estabilidade econômica do país. A interferência política e a falta de disciplina fiscal também são questões que afetam negativamente a confiança dos investidores e a percepção de risco do Brasil.
O cenário global e suas implicações
O cenário global tem se mostrado instável, com tensões geopolíticas e econômicas que afetam diretamente a classificação de risco de muitos países, incluindo o Brasil. Em 2024, a melhora na classificação de risco foi uma exceção positiva, já que outros países, especialmente no Oriente Médio, sofreram rebaixamentos devido a tensões políticas prolongadas e à pressão dos preços do petróleo. A tensão geopolítica global, a desaceleração da inflação e a recuperação dos fluxos de crédito são alguns dos fatores que influenciarão as classificações de risco nos próximos anos.
A tendência positiva observada em 2024 pode ser revertida em 2025 e 2026, caso as tensões geopolíticas se intensifiquem ou se as condições financeiras globais se deteriorarem. A complexidade das cadeias de suprimentos e o aumento do protecionismo também são questões que podem afetar a confiança dos investidores, tornando o cenário mais imprevisível.
A melhora na classificação de risco do Brasil para empresas, como apontado no estudo da Allianz Trade, é uma notícia positiva para a economia brasileira. No entanto, o país ainda enfrenta desafios significativos, como a dívida pública elevada e a dependência das flutuações no mercado global de commodities. A classificação de risco mais baixa pode trazer mais investimentos e impulsionar o crescimento econômico, mas a estabilidade do país dependerá de como ele enfrentará as questões fiscais e políticas nos próximos anos.
Em um cenário global de incertezas, as empresas devem estar atentas aos riscos associados ao Brasil e ao restante do mundo. O fortalecimento da economia local e a implementação de reformas estruturais são essenciais para garantir que a classificação de risco continue positiva e que o Brasil continue atraindo investimentos estrangeiros.