O crédito consignado destinado aos beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), celebrando duas décadas desde seu lançamento, emerge como uma alternativa atrativa no cenário de empréstimos no Brasil. Responsável por significativa parcela dos empréstimos com recursos livres para pessoas físicas, totalizando R$ 653,7 bilhões em maio último, segundo dados do Banco Central, sua popularidade se deve, em grande parte, aos juros mais baixos em comparação a outras modalidades de crédito pessoal.
Este tipo de empréstimo, regulamentado para limitar os juros cobrados, oferece uma taxa média anual de 21,73%, substancialmente inferior à média de 93,95% do crédito pessoal geral. No entanto, especialistas alertam para os potenciais riscos embutidos na longa duração dos financiamentos.
Myrian Lund, planejadora financeira da Fundação Getulio Vargas, sublinha que os prazos estendidos, que podem alcançar até uma década, comprometem severamente o orçamento familiar mensal, aumentando o risco de inadimplência e redução da renda disponível.
Crédito consignado do INSS
A vantagem de ter as parcelas descontadas diretamente do benefício previdenciário reduz o risco para os bancos, permitindo-lhes oferecer taxas mais baixas. Contudo, a facilidade de acesso pode se transformar em armadilha, especialmente quando combinada com prazos de pagamento excessivamente longos.
Para Tonia Galleti, coordenadora jurídica do Sindnapi, o assédio por parte das instituições financeiras é um problema persistente, exacerbado pela oferta agressiva de crédito mesmo antes da liberação formal dos benefícios. Além dos riscos financeiros, a questão da segurança dos dados também preocupa.
Recentemente, o INSS admitiu vulnerabilidades no sistema que expuseram informações pessoais de milhões de segurados, incluindo nome, CPF e valor dos benefícios. Esses incidentes ressaltam a necessidade de melhorias na proteção de dados sensíveis dos aposentados e pensionistas.
Planejamento e conscientização
Embora o crédito consignado do INSS ofereça uma opção viável para muitos brasileiros, especialmente aqueles com acesso limitado a outras formas de crédito, é essencial um planejamento cuidadoso e conscientização sobre os termos e condições do contrato. A regulação eficaz e a educação financeira contínua são cruciais para proteger os consumidores e garantir que o crédito consignado cumpra seu propósito de oferecer acesso ao crédito de forma sustentável e responsável.
Este é um panorama complexo e multifacetado que requer uma abordagem equilibrada entre os benefícios oferecidos e os riscos envolvidos, garantindo que os consumidores possam tomar decisões informadas e seguras em relação ao seu futuro financeiro.
Imagem: Divulgação / Previdência Social